Saúde/bem-estar
04/01/2023 às 06:30•3 min de leitura
Baratas são consideradas os insetos mais odiados e repulsivos de todos os tempos, e vários estudos já provaram isso. Na nossa cultura, elas estão associadas a habitats sujos, são responsáveis por transmitir doenças, por vagarem por esgotos, podendo escalar a pia de uma cozinha facilmente e parar em um prato.
Ao longo de seu rastro, as baratas podem defecar, deixar para trás pelos, pele morta e cascas de ovos vazias que, devido ao seu tamanho, por vezes passam despercebidas para qualquer um. Isso gera um grau de probabilidade de contaminações que levam a intoxicações alimentares por abrigar uma série de bactérias, como a Salmonella.
Além disso, as baratas são conhecidas por invadir partes do corpo humano, aumentando seu temor entre as pessoas. É comum que elas tentem entrar em ouvidos ou no nariz enquanto alguém dorme, fazendo dessas regiões verdadeiros casulos.
O adicional mais agravante, porém, é que o inseto repulsivo pode causar um aumento de ataques de asma e alergias, visto que sua secreção de saliva e pele contém numerosos alérgenos que causam sintomas semelhantes aos da febre do feno.
No entanto, para pessoas como Edward Archbold, nenhum desses aspectos o incomodava, visto que aceitou participar de uma competição em que teve que comer várias delas.
(Fonte: Visual China Group/Getty Images)
Desde um pouquinho antes da década de 1920, competições de comida nos Estados Unidos se tornaram uma espécie de entretenimento tão comum quanto qualquer outra, com os participantes podendo levar para casa milhares de dólares que podem mudar sua vida.
No entanto, a maioria das pessoas que se aventuram nesses concursos alegam que o fazem mais pela notoriedade do que pelo prêmio. Mas quanto vale para entrar para a História?
Afinal, vários especialistas não recomendam esses concursos de alimentação competitiva, principalmente devido aos efeitos adversos que podem ter à saúde, incluindo rupturas gástricas e convulsões. E foi isso que o concurso trouxe a Edward Archbold, de 32 anos, residente da Flórida.
Edward Archbold. (Fonte: Palm Beach Post/Reprodução)
Em outubro de 2012, Archbold se submeteu ao Ben Siegel Reptiles, um concurso de comedores de insetos, em Deerfield Beach, na Flórida, organizado por uma loja que vende animais.
Chamada Midnight Madness, a competição oferecia uma píton no valor de US$ 850 ao vencedor que comesse o maior número de insetos em tempo hábil. Em uma entrevista ao jornal Daytona Beach News, um amigo de Archbold revelou que ele já havia comido insetos antes e que desejava presentear outro amigo com a cobra, motivo semelhante ao do participante Pharaoh Gayles.
"Algumas das cobras eram muito caras. Eu pensei que, se eu pudesse comer insetos para conseguir uma, seria uma boa ideia", disse Gayles.
(Fonte: Sarah Bernard/AP/Reprodução)
Antes que os 30 concorrentes envolvidos pudessem empanturrar suas bocas com insetos, eles assinaram contratos isentando a empresa de qualquer responsabilidade por sua participação no concurso – procedimento padrão em competições dessa natureza.
Segundo Sarah Bernard, estudante de entomologia da Universidade da Flórida, que registrou a participação de Archbold, a princípio, tudo ocorreu bem. O homem tinha uma estratégia clara, que envolvia enfiar tudo o que conseguia na boca e tentar engolir com água. A prova era comer baratas e minhocas.
(Fonte: Sarah Bernard/AP/Reprodução)
Após ingerir 60 gramas de larvas, 35 gramas de minhocas e quase um balde cheio de baratas, Archbold se tornou o vencedor da competição. "Ele realmente tornou nossa noite mais divertida", declarou Siegel, dono da loja, em entrevista à CNN.
A diversão toda durou até o momento em que Archbold começou a passar mal, vomitando incansavelmente as baratas, e desmaiou, sendo conduzido às pressas para o hospital mais próximo, onde foi declarado morto.
O laudo da autópsia atestou que a causa da morte foi asfixia por aspiração de conteúdo gástrico, ou seja, quando fluídos ou partículas sólidas entram na traqueia ou nos pulmões. Partes do corpo das baratas obstruíram suas vias aéreas de maneira catastrófica.
"É possível ver no vídeo gravado que ele tentava engolir e respirar ao mesmo tempo, mas não estava conseguindo", disse o médico legista Craig T. Mallak, em entrevista ao The Florida-Times Union.
A morte de Edward Archbold foi considerada um acidente, reflexo de uma das consequências desses concursos.