Estilo de vida
12/02/2023 às 13:00•3 min de leitura
Em 2009 pessoas do mundo todo se comoveram com o filme Sempre ao seu lado, protagonizado por Richard Gere. O longa conta a história de Parker Wilson, um professor universitário que um dia, voltando do trabalho, encontra um filhote de akita abandonado. Ele decide adotar o animal que se torna seu fiel companheiro, sempre esperando pelo retorno do dono e isso mesmo depois que Wilson morre.
O filme é baseado em uma história real, mas que aconteceu no Japão durante a década de 1920. Todos os dias entre 1925 e 1935, Hachiko esperava que seu amigo voltasse em uma estação de trem de Tóquio.
Uma das várias estátuas feitas para homenagear Hachiko. (Fonte: Manish Prabhune/Flickr)
Hachiko nasceu no dia 10 de novembro de 1923, em uma fazenda localizada na província de Akita, no Japão. No ano seguinte, Hidesaburo Ueno adquiriu o animal e o levou para sua casa. Ueno era professor no departamento de agricultura da Universidade Imperial de Tóquio e morava no bairro de Shibuya, na capital japonesa.
Desde seus primeiros dias com o seu novo dono, Hachiko o acompanhava até a estação de Shibuya. Ueno pegava o trem para o trabalho de manhã e retornava durante a tarde, chegando na estação às três da tarde em ponto. E todos os dias ele encontrava Hachiko sentado ali, esperando por ele para que os dois retornassem juntos para casa.
O verdadeiro Hachiko. (Fonte: Wikimedia Commons)
A rotina foi mantida pela dupla ao longo de um ano até que em maio de 1925, Ueno sofreu uma hemorragia cerebral durante uma de suas aulas. O professor não resistiu e acabou falecendo. No mesmo dia, Hachiko estava esperando pelo seu dono na estação de trem. Mas às 15 horas, Ueno não desceu do trem como sempre fazia.
Pouco tempo depois da morte de Ueno, Hachiko foi doado. Apesar disso, ele continuou retornando à estação, dia após dia. Logo, o animal começou a chamar a atenção das pessoas que começaram a notar o animal solitário, sempre no mesmo horário.
No início, os trabalhadores da estação não eram tão amigáveis com Hachiko, com alguns tentando impedir que o cão retornasse. Porém, com o tempo, os funcionários conheceram a história e foram sendo conquistados pela fidelidade de Hachiko. Eles começaram a trazer comida para cão e alguns deles se sentavam ao seu lado para lhe fazer companhia.
Hachiko e trabalhadores da estação de Shibuya. (Fonte: Wikimedia Commons)
Isso continuou acontecendo por semanas, meses e anos. Foi assim que a história se tornou conhecida. Primeiro na comunidade local de Shibuya e depois em Tóquio. Isso fez com que um dos ex-alunos de Ueno, Hirokichi Saito, fosse para Shibuya para poder testemunhar por si mesmo se o animal de estimação de seu professor ainda estaria esperando.
Saito ficou tão intrigado com a história que publicou vários artigos detalhando sua lealdade. Em 1932, quando um dos seus artigos foi publicado em um jornal, a história de Hachiko se espalhou por todo o Japão e o cachorro ganhou fama nacional, se tornando um símbolo de lealdade e uma espécie de amuleto de boa sorte.
Túmulo onde estão enterrados Ueno e Hachiko. (Fonte: Time Out Tokyo)
Por nove anos e nove meses, Hachiko nunca desistiu de reencontrar seu antigo dono. Até que em 8 de março de 1935, ele faleceu vítima de câncer, aos 11 anos. Por ser conhecido nacionalmente, a morte de Hachiko ganhou as manchetes nacionais. Ele foi cremado e suas cinzas foram colocadas ao lado do túmulo de Ueno. O mestre e seu cão leal finalmente se reuniram novamente.
Hachiko foi taxidermizado e pode ser visto no Museu Nacional da Natureza e Ciência, em Tóquio. A história foi adaptada para o cinema pela primeira vez em 1987, com uma história bastante próxima da realidade. Em 2009 foi lançado o filme com Richard Gere, adaptação dos Estados Unidos e que tornou a fidelidade de Hachiko conhecida no mundo inteiro.