Como funcionava o 'Culto aos Touros' do Egito Antigo?

20/02/2023 às 04:002 min de leitura

No Egito Antigo, era bem comum se observar um verdadeiro "cultos aos touros", ao menos desde a criação da Primeira Dinastia Egípcia. Naquela época, a imagem de touro poderoso e viril era associada ao faraó, que recebia a alcunha de "touro forte de sua mãe". Em 3100 a.C., os egípcios teriam supostamente identificado um touro sagrado por conta de suas marcações específicas no couro. 

Depois que o animal foi "confirmado" como a encarnação de um deus, ele foi colocado para viver em aposentos luxuosos, recebeu apenas a melhor comida da região e um harém com as melhores vacas. Ao morrer, o touro foi mumificado e enterrado com todas as honras. Desde então, esse tipo de crença se tornou bastante popular na região. Conheça alguns dos cultos aos touros mais populares do Egito Antigo!

Touro Ápis

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

O Culto ao Touro Ápis é de longe o mais conhecido na história do Egito. Segundo a lenda local, o animal era a encarnação de um deus. No entanto, ao contrário dos outros totens animais — que serviam apenas como um elo com a entidade —, acreditava-se que Ápis hospedava o próprio deus em sua carne.

Sendo assim, o touro passou a ser visto originalmente como uma manifestação de Ptah e foi posteriormente ligado a Osiris. De acordo com o mito, Ápis era a personificação viva de Ptah enquanto vivia e assumia a forma de Osiris quando morria. A tradição dizia que um bezerro de Ápis era preto com um diamante negro na testa e uma imagem de água nas costas. 

Além disso, o animal deveria ter o dobro do número de cabelos na cauda do que outros touros e o sinal de um escaravelho sob a língua. Quando um touro Apis morria, o corpo era embalsamado e enterrado com todas as honras da maneira condizente com a realeza. Antigamente, os povos egípcios passavam sete dias celebrando a Festa do Touro Ápis, que é o período em que o touro sagrado andaria pelas ruas da região sendo aplaudido por todos.

Touro Buchis

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Outro famoso culto ao touro no Egito era o Culto de Buchis, um animal de rosto preto e corpo branco que surgia como a manifestação de força vital do deus da guerra, Montu — adorado principalmente na região de Hermonthis. Por algum tempo, esse culto também foi associado a Ra e, em menor grau, a Osiris. 

Os túmulos dos Buchis eram bem semelhantes aos dos Ápis, mas as estruturas eram encimadas por um teto abobado em vez de esculpidas em rocha viva. Algumas das múmias mais antigas desses touros sagrados foram enterradas nas passagens que ligavam tumbas extremamente antigas no Egito, sendo todos os enterros datados para o Período Final.

Touro de Mnevis

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

O touro Mnevis era conhecido como o touro sagrado da região de Heliópolis. Normalmente, os touros sagrados eram identificados por sua coloração inteiramente preta. No entanto, caso um animal desse tipo surgisse em uma nova geração, um touro completamente branco também era aceito. 

Estima-se que essa criatura estava associada ao deus Ra e possivelmente também a Min. Quando o faraó Akhenaton abandonou os outros deuses em favor de Aton, ele chegou a afirmar que manteria o culto de Mnevis por suas associações solares. Contudo, não existem registros históricos de que essa promessa foi cumprida. 

A verdade é que os Touros de Mnevis eram muito menos famosos do que os outros nomes citados anteriormente, sendo que apenas dois enterros de múmias desse tipo foram descobertos até agora, datando dos reinados de Ramsés II e Ramsés IV.

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