Artes/cultura
21/02/2023 às 13:00•2 min de leitura
As pesquisas comprovam que a geladeira é o utensílio doméstico mais essencial para a vida das pessoas. Segundo o US Census Bureau, mais de 99,8% dos lares norte-americanos possuem pelo menos uma geladeira, sendo que quase 25% deles têm duas ou mais. Em um país com a taxa de pobreza em 13,5%, isso significa que todos os pobres, conforme definido pelo governo, têm acesso a uma tecnologia feita para os mega ricos há quase 200 anos.
O Brasil também não fica muito atrás disso. Cerca de 100 milhões de brasileiros não tem acesso ao esgoto em casa, mas o estudo da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), com dados de 2018, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que 98,3% da população brasileira residia em domicílios com uma geladeira.
A história da geladeira atravessa séculos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Para sobreviver à vida pré-refrigeração, foram desenvolvidas técnicas para conservar os alimentos, principalmente durante o inverno, quando a caça ficava difícil pela impossibilidade de sair de casa, bem como a pesca.
Na Pré-história, o homem começou usando o fogo, o ar e a água como métodos de conservação; escolhendo lugares frios e escuros nas cavernas para armazenar o alimento caçado. Com o fogo, o homem conseguiu perceber que os alimentos cozidos duravam mais tempo.
As civilizações antigas orientais desenvolveram técnicas para além da falta de alimentos em períodos de escassez, mas também para o transporte e comercialização. Em lugares de muita neve, se tornou comum enterrar os alimentos em grossas camadas de gelo para estender o tempo útil do produto.
Uma Icebox com revestimento em madeira, de 1935. (Fonte: Hulton Archive/Getty Images)
Quando os colonos chegaram ao Brasil, já era comum a defumação, feita com a fumaça da fogueira para desidratar os alimentos. O processo de secagem também era usado, expondo o alimento ao sol até que estivesse totalmente seco. O sal ajudou na preservação do estado da carne vermelha e branca – um método descoberto enterrando o alimento na areia da praia. A marinação em óleos, gordura, vinagre e mel fez parte de todo esse processo.
Na era pré-industrial, apenas os aristocratas ou mais ricos conseguiram refrigerar os alimentos, visto que tinham acesso à água potável e criados para cortar, esculpir e construir as denominadas "casas de gelo" que serviam como um modelo rudimentar das geladeiras.
(Fonte: Keystone/Getty Images)
O engenheiro francês Charles Tellier inventou o primeiro molde do que seria uma geladeira apenas em meados de 1876, quando instalou um sistema de refrigeração em um navio.
Demorou até 1913 para que o primeiro refrigerador doméstico fosse comercializado, começando a lenta substituição do Icebox (a geladeira não mecânica), que aconteceu ao longo da década de 1930 – visto que nem todo mundo podia custear o novo aparelho. Até o final da década, o eletrodoméstico já era presente em 44% dos lares norte-americanos.
De 1940 em diante, a geladeira se tornou uma peça característica e intrínseca do lar, consolidando sua história de como foi de um bem de luxo para algo comum. Para o escritor Marian L. Tupy, autor de The Story of Population Growth, Innovation, and Human Flourishing on an Infinitely Bountiful Planet (2022), a geladeira é o maior símbolo da efetividade da inovação, do capitalismo e da produção em massa.