Artes/cultura
02/05/2023 às 10:23•2 min de leitura
François-Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire, era um filósofo iluminista muito famoso por seu talento como escritor, críticas ao cristianismo e pela defesa da liberdade de crença e expressão.
Ele foi autor de obras de teatro, poemas, romances, ensaios, livros científicos e históricos, mas provavelmente não seria responsável por tantos textos importantes se não tivesse explorado uma falha da loteria da época.
(Fonte: Getty Images)
Em 1719, a França passava por uma crise financeira, o que levou o governo a encontrar formas de reduzir o problema. Uma das soluções escolhidas foi criar uma loteria, com os títulos das dívidas sendo emitidos pela Prefeitura de Paris, e somente os donos desses débitos poderiam participar do sorteio.
Voltaire era um desses indivíduos, e após analisar bem as regras da premiação, decidiu conversar sobre elas com o matemático Charles-Marie de La Condamine, um de seus grandes amigos, sobre uma forma de explorar esse sistema.
Os dois perceberam que os bilhetes custavam só um milésimo do valor real da dívida, sendo assim, pessoas com cotas pequenas tinham chance de participar pagando bem menos do que aquelas que deviam quantias exorbitantes.
Com isso em mente, os amigos decidiram juntar mais pessoas com encargos baixos e comprar a maior quantidade possível de entradas na loteria, algo que valeu a pena por ter rendido um milhão de francos, uma verdadeira bolada naquela época.
(Fonte: Getty Images)
A partir de janeiro de 1729, os sorteios começaram a ocorrer no oitavo dia de cada mês, e enquanto o primeiro foi dividido entre muitos, do segundo em diante isso começou a mudar, com um aumento palpável de bilhetes ganhadores pertencendo a um único indivíduo e sendo adquiridos pelo menor preço.
O próprio Condamine ganhou uma fortuna nessa história, e Voltaire, que havia decidido que não faria parte do grupo de escritores que não conseguiam se sustentar, usou sua parte para comprar uma casa de campo, investir em imóveis e conceder empréstimos.
Quando as autoridades francesas finalmente perceberam a falha, decidiram mudar as regras. Porém, a esse ponto, o famoso filósofo já havia juntando um excelente "pé de meia" de cerca de meio milhão de francos.
Castelo de Ferney, uma das propriedades luxuosas de Voltaire. (Fonte: Pixabay/Reprodução)
Michel Robert Le Peletier des Forts, o controlador-geral de Finanças da época, chegou até a denunciar o grupo, afirmando que agiram de forma ilegal. Porém, o próprio conselho real foi contra a acusação, explicando que as pessoas não haviam violado as regras e que não tinham culpa se a loteria fora concebida com uma brecha.
No fim, encontrar uma forma de explorar o sistema e sair impune pode ter sido um grande golpe de sorte, mas Voltaire estava ciente que para levar a vida como queria, precisaria juntar dinheiro de alguma forma. E como a famosa escritora Virginia Woolf bem disse "é preciso ter dinheiro e casa própria para escrever", e o francês realmente provou isso com sua história.
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