Ciência
07/05/2023 às 06:00•2 min de leitura
Em 1901, a Igreja Católica de São Jorge, na cidade de La Coruña, abriu-se para o casamento do casal Marcela e Mário. O noivo tinha sido batizado naquele mesmo dia, afirmando ser filho de pais ingleses protestantes e afirmando seu desejo de se converter ao catolicismo. O que os presentes não sabia, porém, é que aquela história era uma farsa.
Na realidade, o nome verdadeiro de Mário era Elisa Sánchez Loriga, que se disfarçou de homem para conseguir se casar dentro da Igreja. Segundo os registros históricos, esse foi o único casamento do mesmo sexo conhecido na história da Igreja Católica espanhola — tornando-se um caso pioneiro de união homossexual no mundo todo. Conheça mais sobre a história!
(Fonte: Wikimedia Commons)
Por volta dos anos 1880, o par Elisa e Marcela Gracia Ibeas se conheceu em La Coruña. Enquanto Marcela passava seu tempo como aluna da escola de magistério, Elisa tinha estudado anteriormente para seguir a mesma carreira e trabalhava dentro da escola. Após algumas interações pelos corredores locais, elas se apaixonaram e engataram um relacionamento.
Como qualquer casal homossexual da época, as duas sofreram com a rejeição das famílias. A família de Marcela, inclusive, a enviou para Madri para que ficasse longe de sua amada — o que não adiantou de nada. Mesmo com tantos empecilhos, elas encontraram uma forma de continuar se vendo e estabeleceram os primeiros planos para se casar.
Para enganar a todos, o casal simulou uma briga e ambas passaram a dizer que não estavam mais juntas. Além disso, Marcela estava grávida de um homem não identificado e anunciou que se casaria com um primo de Elisa, chamado Mário, que teria sido criado em Londres. Esse foi o personagem encontrado para que Elisa pudesse se vestir de homem.
(Fonte: Wikimedia Commons)
O plano de Marcela e Elisa funcionou perfeitamente e a cerimônia na Igreja aconteceu. Contudo, não demorou muito tempo para que fotos das duas aparecessem na primeira página de um jornal local estampando a frase "Um casamento sem um noivo". O caso ultrapassou fronteiras e também repercutiu em lugares como França, Bélgica e Argentina.
Com tamanho assédio da imprensa e sendo perseguidas pela Igreja e polícia, elas decidiram fugir para Porto, em Portugal. Em seu novo lar provisório, Elisa passou a se chamar de Pepe e viver sob o disfarce de um casal heterossexual. Nessa mesma época, a filha de Marcela nasceu.
Em 1901, porém, elas foram detidas e levadas para a prisão em Portugal a pedidos da polícia espanhola. De todo modo, a extradição nunca aconteceu porque o casal conseguiu escapar da cadeia e fugir para a Argentina, onde mudaram completamente de identidade. Em solo sul-americano, Marcela passou a se chamar Carmen e Elisa assumiu o nome de Maria.
Sabe-se que, posteriormente, Elisa acabou se casando com um homem de origem dinamarquesa, mas foi denunciada por se recusar a ter relações sexuais com o marido. Entretanto, essa é a última informação disponível sobre a trajetória das duas, deixando em aberto o desfecho de uma história completamente fascinante de amor.