Ciência
29/06/2023 às 13:00•2 min de leitura
O mundo é feito de notícias. De política aos lançamentos de filmes e às mais recentes explorações espaciais, sempre existe algo para ficar sabendo. Segundo uma pesquisa feita pelo Pew Research, existem de 2 milhões a 3 milhões de artigos de notícias chegando às plataformas offline e online a cada 24 horas, vindos de centenas de milhares de sites que correm para abordar os últimos eventos que estão chamando a atenção do público.
O Washington Post publica entre 200 e 500 notícias diariamente, incluindo conteúdo apenas em foto e vídeo. Enquanto isso, o The Wall Street Journal lança cerca de 240 notícias por dia. A plataforma Medium, que vem se tornando um crescente hub de notícias, com mais de 60 milhões de usuários ativos por mês, publica em média 47 mil artigos diários, fruto do trabalho de colaboradores individuais a editores formais.
Não só devido à tecnologia e à modernização dos meios, isso é resultado de um mundo em movimento. Parece loucura, mas em 18 de abril de 1930, a BBC declarou que não havia notícias para dar.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
Na noite de sexta-feira de 18 de abril de 1930, às 20h45, as pessoas de toda a Grã-Bretanha se preparavam para pegar o boletim daquele dia da BBC News quando simplesmente se depararam com uma informação estranha: “Boa noite. Hoje é Sexta-Feira Santa. Não há novidades”.
Ao longo de 15 minutos de intervalo, a estação de rádio tocou apenas solos de piano. Para o diretor do Centro de Mídia Cívica do MIT, Ethan Zukerman, o "Dia Sem Notícias", como ficou conhecido o evento, é um lembrete histórico maravilhoso. “Acho que é uma ótima maneira de pensar sobre o que a BBC deveria ser e como isso difere do que as notícias como categoria são hoje”.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
A posição da BBC era totalmente diferente do que os Estados Unidos estavam fazendo com a popularidade cada vez maior do rádio, abrindo licenciamento e permitindo a concorrência entre uma ampla variedade de abordagens comerciais.
Ao ter esse tipo de posicionamento, a empresa visava "elevar o caráter moral do país" – embora isso seja extremamente elitista. A BBC era a soberana na Grã-Bretanha, construída, patrocinada e impulsionada pela monarquia. Com isso, a rádio decidia o que valia a pena ou não noticiar tendo como base o que julgavam importante.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
Todos os dias, os locutores de rádio da BBC recebiam uma tonelada de histórias e curavam todo o conteúdo sob um padrão muito definido de qualidade.
Uma vez que a rádio britânica falava apenas ao homem branco abastado, então não interessava que em 18 de abril de 1930, um combatente da independência bengali havia liderado com sucesso uma incursão contra um posto avançado da polícia colonial em Chittangong, Bangladesh.
Mas esse problema não era só da BBC. Naquela época, as notícias não relatavam a maioria das experiências e eventos da sociedade. É possível também que o "Dia Sem Notícias" tenha sido uma maneira de a BBC afirmar a independência da imprensa, ainda que de uma maneira meio torta.
“Eles podiam estar dizendo: ‘não seremos o porta-voz do governo’, e, portanto, nenhuma notícia seria veiculada para ninguém”, disse Zuckerman.