Ciência
27/08/2023 às 04:00•3 min de leitura
O fascinante gênero da ficção científica se baseia em uma premissa central: imaginar um futuro repleto de avanços científicos ou técnicos, com consequências não necessariamente positivas. Na maior parte das vezes, as obras desse estilo criam distopias, ou seja, a perspectiva de um amanhã mais negativo e opressor do que o presente.
E se as obras de ficção científica projetam o nosso futuro possível, é até lógico que elas também tenham imaginado novas profissões que podem ser criadas. Neste texto, compartilhamos os quatro trabalhos mais bizarros concebidos dentro do gênero.
Leia também: 4 ideias da ficção científica que são possíveis, teoricamente
(Fonte: Getty Images)
No livro Aye, and Gomorrah (1967), o escritor Samuel R. Delaney acompanha a história de um "spacer", uma figura um tanto perturbadora que surge no futuro. Basicamente, um spacer é uma pessoa agênero castrada na puberdade para evitar a contaminação pelos efeitos nocivos da radiação espacial.
O surgimento dos spacers levou à criação de uma subcultura chamada de "Frelks", composta por pessoas que os fetichizam sexualmente. Só que, mesmo sendo assexuado, o spacer que protagoniza o livro trabalha como profissional do sexo. Isso ocorre em parte devido ao dinheiro, em parte pela possibilidade de conexão humana.
O conflito central começa a se desdobrar no livro quando uma mulher quer dormir com ele, mas não quer pagar. Isso leva o protagonista a uma série de debates internos sobre o seu trabalho e seu papel no mundo, configurando Aye, and Gomorrah como uma forte e comovente reflexão sobre o futuro do trabalho sexual.
(Fonte: Getty Images)
O famoso escritor Philip K. Dick teve como um dos seus temas principais o futuro das drogas. Em Os Três Estigmas de Palmer Eldritch, de 1965, ele parece ter chegado ao ápice dessa discussão. Na obra, o protagonista é um traficante de drogas intergaláctico que trabalha para uma empresa criando "layouts". Tratam-se de adereços físicos que, junto com o consumo de drogas, criam uma alucinação coletiva que ajudam os colonos a escapar da dura realidade de viver em planetas arrasados.
O mais sinistro é que esses adereços funcionam quando as pessoas entram em bonecas chamadas Pat Insolente (ou de seu namorado, Walt), o que fazem com que elas acabem compartilhando de experiências semelhantes a cultos religiosos. O futuro imaginado por Philip K. Dick imagina profissões que misturam o futurismo com aquilo que há de mais antigo, como a fé.
Leia também: 6 avanços tecnológicos inspirados por histórias de ficção científica
(Fonte: Warner Bros./Reprodução)
Em Duna (1965), o escritor Frank Herbert concebeu uma civilização galáctica no futuro que depende menos de computadores do que se tende a imaginar dentro da ficção científica. A história envolve o planeta de Arrakis, que se torna o mais importante do universo por ser a fonte de melange, uma especiaria que possibilita a realização de viagens interestelares. Ao conduzir uma viagem, os navegadores acabam encontrando os caminhos certos entre os sistemas estelares.
Os navegadores, portanto, são os profissionais que guiam as naves espaciais chamadas de paquetes. Eles são extremamente importantes porque, em uma viagem longa num local tão imprevisível como o espaço sideral, muitas complicações podem ocorrer. Seriam, talvez, os pilotos mais preparados no futuro.
(Fonte: Getty Images)
O conto Auto-da-Fé (1967), de Roger Zelazny, compartilha a história de um mechador. Ele poderia ser definido como um toureiro – só que, ao invés de perseguir e matar touros, ele luta contra carros automáticos que foram carregados por cérebros robóticos.
No futuro imaginado em Auto-da-Fé, a tecnologia possibilitou que as pessoas possam ser ressuscitadas depois da morte, o que acaba gerando um tipo de entretenimento bizarro. O mechador então seria o sujeito que coloca a própria vida em risco para proporcionar um show grotesco em que carros velhos equipados com inteligência artificial substituem os animais nas antigas touradas.