Thiess de Kaltenbrun: o homem julgado por ser lobisomem

17/09/2023 às 11:002 min de leitura

No século XVII, um homem se viu preso em um drama jurídico após ter admitido publicamente que era uma fera mitológica, mais precisamente um lobisomem. Foi através dessa "confissão" que Thiess de Kaltenbrun passou a ser suspeito de "licantropia e outros atos proibidos e ímpios", de acordo com as leis da época.

Thiess era um cidadão idoso, na casa dos 80 anos, que vagava por Jürgensburg, na Livônia. Primeiramente, ele havia sido chamado para depor sobre um roubo ocorrido em uma igreja local, acontecimento o qual ele foi testemunha. Foi aí que os seus problemas com a justiça começaram.

Lobisomens à solta

Wikimedia Commons(Fonte: Herzogliches Museum/Wikimedia Commons)

A ideia de que um homem podia sofrer uma metamorfose tinha raízes nas culturas gregas e nórdicas. Por volta do ano 1500, na França, os assassinos Pierre Burgot e Michel Verdun alegaram ser lobisomens e também assassinos — o que fez com que fossem condenados à fogueira.

Outros assassinos nessa época também alegaram licantropia, uma condição onde um homem supostamente se transformaria em uma criatura assustadora parecida com um lobo. Mesmo com esse histórico sombrio, nada impediu Thiess de se declarar um lobisomem para todos os habitantes da Livônia. 

A primeira confissão aconteceu diante de um tribunal, anos antes, como forma de explicar seu nariz estava quebrado. Naquela época, Thiess foi julgado por roubar trigo e outros grãos de um agricultor magoado, que quebrou seu osso da face com uma vassoura. A história parecia tão bizarra, no entanto, que o idoso foi praticamente ignorado.

Porém, quando estava depondo como testemunha no caso do assalto à igreja — cujo principal suspeito era um homem chamado Pirsen Tönniss —, ele voltou a dizer que era um lobisomem. Como esse era um assunto mais sério e sua credibilidade era importante, Thiess logo tornou-se foco da sessão.

Vida como lobisomem

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

De acordo com Thiess, ele havia passado algum tempo como lobisomem, mas enfatizou "atuar para o bem". Segundo ele, a comida roubada no testemunho anterior, na verdade, foi "roubada por feiticeiros" e ele apenas a roubou de volta para garantir colheitas abundantes. Em sua visão, ele e outros membros da sua matilha atuavam como "cães de Deus".

Intrigados, os juízes passaram a questionar como ele conseguia se transformar. Em sua fala, Thiess disse que transmutação não era uma questão de morder alguém. Em vez disso, seus poderes poderiam ser transmitidos respirando três vezes em uma jarra e entregando para outra pessoa.

Conforme o interrogatório foi progredindo, o cenário ficava cada vez pior para o velho homem. Em certo momento, a maioria presente parecia concordar que a transformação em uma criatura bestial parecia mais um trabalho do diabo do que de Deus. O tribular convidou o pastor local, Bucholtz, a ajudar Thiess a arrepender-se dos seus pecados. Contudo, o suposto lobisomem se recusou.

Julgamento final

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Mesmo com a comunidade tentando ajudá-lo, Thiess seguiu insistindo que sua atividade como lobisomem era a serviço de Deus e que o pastor, em outras palavras, era uma criança comparado a ele. Tendo transformado um simples roubo em um julgamento envolvendo Deus, o diabo e a licantropia, Thiess foi sumariamente demitido e instruído a esperar uma decisão sobre sua heresia pelo tribunal distrital real.

No dia 31 de outubro de 1692, o juiz Herman Georg von Trautvetter concluiu que, no caso dos "delitos vexatórios e altamente proibidos" cometidos pelo idoso, ele era culpado de nutrir delírios diabólicos. Então, a corte determinou que ele deveria receber a punição por flagelação — composta por 20 chicotadas.

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