Ciência
26/10/2023 às 14:00•2 min de leitura
Já reparou que você pode ir para diversas cidades, mas a “cara” do transporte público é sempre a mesma? Bancos de trens, metrôs e ônibus em várias partes do mundo têm um acabamento bem parecido: um tipo de tecido de lã com estampas em vários padrões caóticos, muitas vezes em azul, amarelo e vermelho. Pois bem, a escolha do tecido e das estampas não é à toa e podem ter uma razão um tanto quanto nojenta — ajudar a esconder manchas e sujeira.
O estofamento do transporte público ou coletivo tem diferentes objetivos. Além de ser confortável, ele precisa ser durável, fácil de limpar ou manter e, preferencialmente, barato. Se antigamente os veículos eram equipados com bancos de madeira, logo a necessidade de um pouco mais de conforto se impôs.
Exemplo de padrão dos desenhos de ônibus. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Foi durante os anos 1920 que Londres achou um tecido ideal, que seria copiado em boa parte do mundo: o moquete (a palavra vem do francês moquette, que significa "carpete"). Antes de se chegar a esta opção, vime, couro, courino, veludo e seda eram escolhas comuns nos meios de transporte.
O moquete é uma mistura de lã (85%) e nylon (15%), similar aos carpetes, mas com um fundo em algodão. Ele foi escolhido pelo transporte público londrino por uma série de características, entre elas o seu baixo preço, alta resistência e a facilidade da produção em larga escala. Além disso, o moquete ajuda a retardar as chamas e não fica molhado por muito tempo.
Um dos seus segredos é o padrão das fibras, que conferem ao tecido uma textura similar ao veludo, gerando mais conforto para os usuários, e que podem ser finalizadas enroladas ou abertas. Isto permite que poeira e outros tipos de sujeira se movam para o interior do tecido, deixando a superfície mais limpa. Se você bater no sofá da sua casa, é possível que a poeira se levante, já se bater em estofados de carpete ou moquete, a poeira não levantará.
Além disso, no moquete a água se espalha pelas fibras, aumentando a área de contato e secando mais rapidamente, o que é ótimo para climas úmidos. Este tipo de tecido rapidamente se espalhou pelo mundo e é atualmente o mais comum nos transportes públicos que não utilizam bancos de plástico ou de metal.
Com o tipo de tecido, o padrão dos desenhos também se uniformizou. A explicação para sua escolha é simples: um tecido de uma só cor, ou com um grande logomarca com poucas cores, ficaria muito suscetível a manchas de sujeira, que fatalmente vão ocorrer.
Por isso, desenhos com intrincados padrões geométricos, cores vibrantes, vários temas pequenos e misturas de tonalidades são comuns. Mesmo cidades que têm uma identidade visual no padrão de desenhos no transporte ainda seguem esta “regra”. Isto ajuda a disfarçar eventuais marcas no assento, dando uma sensação de maior limpeza para o transporte.