Ciência
18/11/2023 às 05:00•2 min de leitura
Os seres humanos sempre estiveram fascinados por descobrir vida fora da Terra. Mas desde quando surgiu essa curiosidade? Registros históricos falam que há milênios já pensávamos em fazer contato com vizinhos externos.
Os interesses pelos OVNIs (objeto voador não identificado) data inicialmente de um período entre 223 a.C. e 91 a.C., quando gregos e troianos relataram ter visto "fogo no céu" e "sóis noturnos". Os cientistas afirmam que estes relatos coincidem com os ciclos solares de aurora, que duram cerca de 11 anos, o que significa que era provavelmente isso que eles estavam descrevendo.
Outros relatos, datados entre 218 a.C. a 65 d.C., mencionam a visão de escudos redondos e "lanças flamejantes" que estariam no céu, o que poderia também ser uma nuvem ou mesmo uma miragem. Em comum, está o fato de que nenhum dos testemunhos fala sobre enxergar alguma criatura que se assemelhasse à nossa concepção atual de alienígenas. Então como surgiu o conceito da existência de vida em outros planetas?
(Fonte: Getty Images)
Tudo começa no século V a.C., quando os filósofos Leucipo e Demócrito criaram o atomismo, que se sustentava pela ideia de que o universo é formado por partículas indivisíveis. Basicamente, o atomismo se tratava de uma filosofia materialista que negava o argumento teleológico, afirmando que todos os fenômenos têm uma causa natural independente da existência de Deus.
Demócrito postulava que havia um suprimento infinito de átomos e, por consequência, também um número infinito de mundos. Segundo escreveu seu aluno, Metrodoro de Quio, "parece absurdo que em um grande campo só cresça um talo, e que em um espaço infinito só exista um mundo".
Mais tarde, o poeta romano Lucrécio diria: "nada no universo é único e solitário e, portanto, em outras regiões devem existir outras terras habitadas por diferentes tribos de homens e raças de animais."
(Fonte: Getty Images)
Para alguns historiadores, embora seja surpreendente que filósofos tão antigos pensassem nesses fatos, vale lembrar que Demócrito, por exemplo, vivia em um tempo anterior à percepção moderna sobre as estrelas como outros sóis. Na verdade, esses pensadores estavam olhando para o céu e vendo para além de seu tempo.
Isso porque várias linhas de pensamento dessa época rejeitavam a ideia de pensar em vários mundos, incluindo aqui a filosofia aristotélica. A religião também desprezava qualquer percepção que não colocasse Deus como o centro de todas as coisas.
Até que, entre 1439 e 1440, um filósofo chamado Nicolau de Cusa escreveu um livro que se tornou muito influente. Ele dizia o seguinte: "a vida, tal como existe na Terra sob a forma de homens, animais e plantas, encontra-se, suponhamos que de forma elevada nas regiões solar e estelar. Em vez de pensarmos que tantas estrelas e partes dos céus são desabitadas e que só esta nossa terra é povoada – e que com seres talvez de tipo inferior – vamos supor que em todas as regiões existem habitantes, diferindo na natureza por categoria e todos devendo sua origem a Deus, que é o centro e a circunferência de todas as regiões estelares".
Nicolau de Cusa ainda arrematou dizendo que não havia padrões para poder avaliar a vida fora da Terra. "Pode-se conjecturar que na área do sol existem seres solares, habitantes brilhantes e iluminados, e por natureza mais espirituais do que os que podem habitar a lua... Os que estão na terra são mais grosseiros e materiais", escreveu. Para muitos, essa é a primeira ideia mais concreta que se registrou da imaginação humana sobre a vida fora da Terra.