Estilo de vida
22/11/2023 às 04:30•2 min de leitura
A história das barbas é mais curiosa do que você pode imaginar, já que elas foram usadas para os fins mais peculiares. Muitos desses casos foram registrados no livro Of Beards and Men: the Revealing History of Facial Hair, de 2015, que foi escrito pelo historiador Christopher Oldstone-Moore. Neste texto, compartilhamos alguns desses registros.
(Fonte: GettyImages)
Há cerca de 2000 anos, por exemplo, as tropas de Alexandre, o Grande se preparavam para enfrentar uma batalha na Ásia. O famoso comandante macedônio então deu uma ordem incomum aos seus soldados: eles deveriam se barbear.
A razão, na verdade, era bastante estratégica: dessa forma, seus inimigos não conseguiriam agarrá-los pelas barbas. Deu tão certo que, nos próximos 400 anos, esse hábito perdurou entre soldados gregos e romanos.
Para Oldstone-Moore, "a história dos homens está literalmente escrita em seus rostos". Ele defende a tese que pode-se descobrir muita coisa ao olhar para a tendência nos pelos faciais masculinos. Isso envolve noções sobre religião, arte e política.
Os homens começaram a raspar o rosto pelo menos desde a época dos sumérios e os egípcios, que usavam lâminas de barbear feitas de cobre ou bronze. Eles também foram associados muitas vezes ao poder: para parecer mais respeitável, o faraó Hatshepsut usou uma barba artificial quando governou o Egito.
Shakespeare mencionou as barbas em quase todas as suas peças. O historiador Will Fisher analisou 300 retratos de homens da Europa feitos entre 1500 e 1600 e notou que, para cada retrato de homem sem barba, havia 10 de homens com barba. Para ele, isso prova que este adereço sempre teve relevância como signo de masculinidade.
(Fonte: GettyImages)
Nos antigos livros de medicina, os médicos renascentistas ligavam a barba à produção de sêmen. A ideia já era sustentada pelos cientistas gregos clássicos de que os homens teriam calor vital, o que explicaria sua quantidade de pelos. A teoria, obviamente, provou-se falsa.
Segundo Oldstone-Moore, na Grécia antiga, acreditava-se que apenas um homem poderia sobreviver ao crescimento de uma barba. Uma mulher que tivesse pelos no rosto estaria indicando a presença de um problema de saúde, e poderia morrer disso.
Uma abadessa alemã chamada Hildegarda de Bingen defendeu uma tese, por volta do ano de 1160, de que os pelos nasciam em volta da boca dos homens porque eles teriam um hálito mais quente. As mulheres, por outro lado, não teriam essa característica, uma vez que os homens eram formados a partir da "terra", e elas, a partir dos homens.
Já por volta do século XVII, passou a ser considerado respeitoso estar com a barba feita. Ajudou a consolidar essa ideia a teoria dos germes de Louis Pasteur, pois se começou a crer que os pelos faciais causavam um grande acúmulo de micróbios.
Não por acaso, um cientista francês desta época fez um experimento em 1907 e anotou que os lábios de uma mulher que fosse beijada por um homem bigodudo estariam "poluídos com bactérias da tuberculose e da difteria, bem como partículas de alimentos e um cabelo da perna de uma aranha".