Ciência
02/12/2023 às 06:00•2 min de leitura
O governo da Colômbia anunciou, no início de novembro, interesse em resgatar o tesouro do navio San José, naufragado em 1708 na costa do país, até 2026. A notícia reacendeu um antigo debate: a quem pertence a fortuna estimada em US$ 20 bilhões, ou R$ 98 bilhões pela cotação do dia, que está no fundo do mar?
De origem espanhola, o galeão carregava 200 toneladas de ouro, prata e pedras preciosas em estado bruto quando afundou no início do século XVIII. A valiosa carga tinha a França como destino, mas um encontro com navios de guerra britânicos impediu sua chegada ao Velho Continente.
Como o Reino Unido era inimigo da Espanha e da França durante a Guerra da Sucessão Espanhola, as embarcações inglesas atacaram a frota de 18 navios liderada pelo San José. Em meio à batalha, parte do grupo fugiu e outro galeão foi capturado.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Já o navio principal afundou após seu estoque de pólvora explodir no confronto. O naufrágio do galeão San José aconteceu a aproximadamente 16 km da costa da Colômbia, levando para o fundo do mar do Caribe todo o tesouro que transportava.
Apontado como o “naufrágio mais valioso do mundo”, o incidente envolvendo o navio espanhol chamou a atenção dos caçadores de tesouros. Em 1982, uma empresa americana alegou ter encontrado os destroços do San José e deu início à primeira disputa, solicitando metade do valor da fortuna.
Já em 2015, a Colômbia revelou que pesquisadores contratados pelo governo encontraram os restos da embarcação em um local diferente. Alegando ser o dono do tesouro, o país iniciou uma disputa judicial com a firma sediada nos Estados Unidos, cuja primeira audiência deve acontecer em dezembro.
Destroços do San José. (Fonte: Armada Nacional da Colômbia/Divulgação)
Não demorou para que um terceiro interessado aparecesse reivindicando a riqueza. Argumentando ser a proprietária original do galeão, a Espanha cita a Convenção Internacional sobre o Direito do Mar, de 1982, que trata da propriedade de navios de guerra naufragados.
Conforme o acordo, um navio continua a pertencer ao seu proprietário original mesmo depois de afundado, independente do local. Dessa forma, os restos do San José ainda seriam da Espanha, algo que a Colômbia contesta, afirmando não ser signatária da convenção.
Em 2019, surgiu mais um grupo afirmando ser dono do tesouro naufragado há mais de 300 anos. Como justificativa, o povo Qhara Qhara disse que seus ancestrais estavam entre as pessoas exploradas pela Espanha nas minas de ouro, prata e esmeraldas da região.
Ou seja, o material transportado no galeão era fruto de escravidão e, por isso, os descendentes dos indígenas bolivianos reivindicam a sua posse. Com tantas disputas acontecendo, a justiça terá muito trabalho para definir quem é o verdadeiro dono do naufrágio bilionário.