Ciência
31/01/2024 às 11:00•2 min de leitura
Você provavelmente já ouviu alguém por aí dizendo que tal pensamento é apenas "senso comum" ou que "ter bom senso é o básico de todo ser humano", não é mesmo? Visto como uma capacidade universal de saber e compreender algo, o senso comum é uma concepção mental passada de geração para geração, mas que desperta muito debate.
Um novo estudo, por exemplo, sugere que não há nada de universal nesse processo todo e o nosso sentido de bom senso, na verdade, pode ser menos coletivo e mais relacionado com a perspectiva pessoal sobre alguma coisa.
(Fonte: GettyImages)
Quando uma pessoa chama algo de "senso comum", geralmente significa que ela acha que isso deve ser visto e compreendido da mesma forma por todas as pessoas no universo. Para analisar esse fenômeno, os pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, Mark Whiting e Duncan Watts, procuraram determinar o que as pessoas acreditam ser sendo comum e até que ponto isso é realmente uma perspectiva coletiva sobre o mundo ao nosso redor.
Para isso, a dupla pediu para que 2046 pessoas avaliassem 4407 afirmações de bom senso provenientes de múltiplas fontes — incluindo meios de comunicação, e-mails de campanhas políticas e ditos populares. Estas variavam desde afirmações factuais como "triângulos têm três lados" até algumas mais abstratas, como "a percepção é a única fonte de conhecimento, o que não é percebido não existe".
No geral, a equipe descobriu que o que é considerado bom senso tende a variar consideravelmente entre as pessoas. Isso acontecia menos quando se tratava de informações factuais, mas mesmo assim poderia aparecer em menores proporções. As famosas "Teorias da Conspiração", por exemplo, são uma clara amostra que até mesmo fatos podem ser distorcidos na percepção individual.
(Fonte: GettyImages)
Ao examinar mais de perto as razões para as diferenças na percepção das pessoas sobre o senso comum, os pesquisadores indicaram que a forma como uma pessoa via um tópico poderia ter um impacto significativo sobre se sentiam ou não que algo fazia parte do senso comum. Por exemplo, quando o tema principal foi "todas as pessoas são criadas iguais", os indivíduos que não acreditavam na afirmação eram menos propensos a pensar nisso como algo que faz parte do senso comum.
Descobriu-se também que o nível de percepção social de alguém desempenha um papel importante nesse cenário. Porém, o mais surpreendente talvez seja o fato de que fatores demográficos como idade, educação e gênero não tiveram tanto impacto assim. “Concluímos que, embora possa existir um corpo de conhecimento que seja verdadeiramente comum a todos, ele constitui apenas uma fração do que qualquer pessoa considera ser senso comum, sendo este último altamente idiossincrático e potencialmente exclusivo apenas para ela”, escreveram os pesquisadores.
Por fim, os investigadores acreditam que os dados obtidos ao longo desse estudo possam ser futuramente usados em estudos adicionais de ciências sociais e também no aprimoramento das ferramentas de inteligência artificial, que cada vez mais estão se tornando relevantes na sociedade.