Ciência
03/06/2024 às 09:00•3 min de leituraAtualizado em 03/06/2024 às 09:00
Toda boa história sobre o alto-mar guarda ao menos um conto que envolva navios fantasmas, embarcações que transitavam pelas águas até que, por alguma razão nem sempre aparente, sua tripulação desapareceu. O primeiro relato historicamente confirmado de algo do gênero ocorreu com o SV Sea Brig, no século XVIII. Encalhado próximo a Rhode Island, sua tripulação estranhamente sumiu, deixando o navio em terra enquanto o café fervia na cozinha do barco.
A conquista de novos territórios pelas nações europeias fez com que relatos a respeito de barcos desaparecidos e encontrados sem capitão e tripulantes se tornassem mais comuns. Isso impulsionou o surgimento de lendas. Entretanto, existem casos peculiares para os quais não há consenso sobre o que se passou com aqueles navios.
Durante o outono de 1872, um navio norte-americano batizado como Mary Celeste deixou a cidade de Nova York com destino a Gênova, na Itália. No barco, uma pequena tripulação incluía o capitão, Benjamin Briggs, sua esposa, a filha de dois anos do casal, além de sete outros tripulantes. A última vez que o Mary Celeste foi visto ocupado foi no dia 25 de novembro, quando passou próximo à Ilha dos Açores, próximo a Portugal.
Dez dias após, em 5 de dezembro, o barco britânico Dei Gratia cruzou com o Mary Celeste, a pouco mais de 600 km dos Açores, abandonado. O capitão David Morehouse enviou uma equipe para bordo do navio para investigar. Tudo parecia estar em boas condições, exceto as bombas que estavam desmontadas.
Chamou a atenção da equipe que os pertences das pessoas, bem como o suprimento de água e comida suficiente para seis meses, estavam intactos. Não foram detectados avarias severas que impedissem o Mary Celeste de navegar. A tripulação nunca foi encontrada, tampouco sinais de crime.
O último capitão do MV Joyita foi o britânico Thomas H. Miller, que em outubro de 1955 partiu de Samoa com destino as Ilhas Tokelau, território insular da Nova Zelândia. Além dele, outros 15 tripulantes e 9 passageiros estavam a bordo do navio, cuja viagem deveria durar aproximadamente dois dias.
Quando o barco não chegou ao porto, as autoridades ficaram alarmadas, especialmente por não haver tido nenhum pedido de socorro. A Força Aérea Real da Nova Zelândia patrulhou as águas em busca do MV Joyita até que outro barco o encontrou à deriva, no dia 10 de novembro, sem passageiros e com a carga desaparecida.
Uma investigação descobriu que uma tubulação defeituosa fez com que água entrasse no casco do navio, o que teria levado os ocupantes a abandonarem a embarcação – mas sem nunca reaparecerem.
Ryou-Un Maru é um navio fantasma atípico. Isso porque, diferente dos anteriores, não viu sua tripulação desaparecer sem motivo aparente. Ele foi uma "vítima" do tsunami que atingiu o Japão em março de 2011. Criado por volta de 1982, era um barco de pesca vazio que acabou empurrado para o alto-mar.
À deriva por meses, entrou em águas norte-americanas em abril de 2012. Foi afundado pela Guarda Costeira dos EUA para impedir que encalhasse e causasse perigo à navegação no local.
Entre ser lançado em 1914 e ficar preso no gelo em 1931, o SS Baychimo acumulou uma longa trajetória. Inicialmente um navio comercial alemão de suporte na Primeira Guerra Mundial, foi entregue ao governo britânico, que usava o navio para viajar ao norte do Canadá coletando peles para serem enviadas para a Europa.
Preso no gelo durante um dos trajetos, foi abandonado pelos tripulantes, mas desapareceu, incrivelmente, após uma nevasca. O SS Baychimo reapareceu após semanas, mas apenas por um breve momento, até sumir misteriosamente para nunca mais ser encontrado.