Artes/cultura
06/04/2024 às 17:00•3 min de leituraAtualizado em 06/04/2024 às 17:00
Dados divulgados pelo governo federal evidenciam a importância do agro para países como o Brasil: só em 2023, o setor cresceu 15,1%. Na história da humanidade, a agricultura foi fundamental, tanto por fornecer alimentos necessários à sobrevivência, como por ajudar a organizar e impulsionar as sociedades. Porém, nem tudo são flores: o cultivo de certas culturas também representou problemas ambientais em larga escala.
A ausência de medidas para mitigar o desmatamento, degradação do solo e a poluição da água podem fazer com que a agricultura impacte nossas vidas em mais do que um prato de comida, mas no próprio esgotamento de recursos. Confira abaixo algumas das culturas de plantio que mais têm causado problemas.
Além de paixão nacional, o café por muito tempo foi um dos principais produtos de exportação do Brasil. Grande parte das duas bilhões de xícaras de café consumidas por dia são feitas com o grão brasileiro. Agora, outra realidade é a quantidade de carbono emitida pelo plantio de café, considerando todo seu ciclo.
As práticas agrícolas como irrigação, fertilização e uso de pesticidas são responsáveis por 40% a 80% do total das emissões de carbono. No contexto histórico, é importante lembrar que no Brasil e em demais países produtores, o cultivo de café levou a intensas transformações, especialmente à redução da biodiversidade por conta do desmatamento de extensas áreas para plantio.
O cultivo do milho em larga escala é outro vilão, principalmente pelo uso agressivo de fertilizantes em seu processo de produção, liberando óxidos de nitrogênio nocivos à atmosfera. Mas não é o único problema. A cultura do milho também tem hábito do uso de pesticidas para controle de pragas que acabam por flutuar no ar, contaminando até mesmo áreas distantes.
Em diversas regiões produtoras, foram identificados rios poluídos em virtude do plantio, além do esgotamento de fontes subterrâneas de água pelo grande uso exigido no cultivo. Até mesmo o aquecimento global se agravou pelas grandes quantidades de gases emitidos, principalmente pelos fertilizantes usados.
Usado pelos humanos há pelo menos 10 mil anos, o trigo também é apontado como prejudicial à saúde de nosso planeta. Na verdade, é o uso de fertilizantes sintéticos nas plantações que contribuem com as alterações climáticas, proliferação de algas e zonas mortas oceânicas, por conta do escoamento de nutriente.
Toda a vida marinha é afetada, dessa forma. Além disso, a dependência destes fertilizantes agrava as emissões de gases causadores do efeito estufa, hoje representando 5% de todas as emissões globais.
O seu chocolate de todo dia também entra na lista. Até se tornar aquele tablete delicioso de ser consumido, ele deixa muito impacto pelo caminho, a começar pelo desflorestamento de regiões tropicais para ampliação das plantações de cacau.
O cenário é alarmante, especialmente na África Central, que representa cerca de 70% de todo o grão cultivado no planeta. Vale pontuar, ainda, que existem graves denúncias do uso de trabalho infantil nas plantações.
Nem todo mundo sabe, mas um dos principais produtos da agricultura brasileira para pouco em nossa mesa. Dados da produção global indicam que aproximadamente 77% de toda soja produzida tem como destino a alimentação de gado, seguido por uso em biocombustíveis e outras aplicações industriais. Apenas 7% chega à nossa mesa, enquanto o impacto de seu cultivo é bastante presente.
O desflorestamento, a redução da biodiversidade e o aumento das emissões de carbono são algumas das consequências diretas do plantio da soja. Soma-se a esse cenário o grande uso de recursos hídricos para irrigação, além do uso intensivo de pesticidas e fertilizantes, que levam à contaminação das fontes de água.