Ciência
13/07/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 13/07/2024 às 12:00
Confesse: com certeza você já notou que algumas de suas roupas costumam preservar um certo fedor, não importa o quanto você as lave. É claro que aquelas que você usa para praticar exercício físico tendem a ficar com um cheiro pior, especialmente na axila, por causa do suor. Mas a verdade é mais complicada do que isso.
Se você acha que a transpiração é a única culpada por gerar roupas fedidas, pense de novo. A resposta pode também estar no tecido com que elas são feitas.
Para saber mais sobre isso, pesquisadores da Universidade Alberta, liderados pela cientista de tecidos Rachel McQueen, fizeram um experimento. Eles buscaram imitar os efeitos do exercício físico em vários tipos de tecido. Para isso, eles mergulharam diferentes roupas em uma solução aquosa que imitava suor. Em seguida, eles agitaram vigorosamente essa mistura, retiraram o tecido do líquido e deixaram as roupas para secar.
"Embora saibamos que o poliéster tem um cheiro mais forte quando usado próximo a axilas suadas, em comparação com camisetas de algodão, não sabíamos realmente o porquê. Agora temos uma melhor compreensão de como os odores são transferidos e absorvidos seletivamente por vários tipos de fibras no suor", declarou McQueen ao IFLScience.
Depois da primeira etapa, os pesquisadores literalmente cheiraram os tecidos para dar uma nota de zero a dez aos odores. O estudo também envolveu outra técnica chamada espectrometria de massa, que mede a razão massa-carga de íons em uma determinada amostra.
Os resultados do experimento foram bastante claros: os tecidos feitos de fibras naturais a partir de plantas (como algodão, linho ou cânhamo) absorveram e liberaram quantidades menores de compostos de odor malcheiroso. Já as fibras sintéticas como poliéster, mas também a lã, absorveram – e liberaram – mais fedor.
Na sequência do curioso estudo, os pesquisadores buscaram entender por que isso acontecia a partir de uma análise dos ingredientes constituintes do suor. O principal deles é a água, mas o suor também possui compostos oleosos, que é onde o cheiro se forma.
Estes óleos reagem de modos diferentes com a química presente em cada fibra. "Enquanto fibras de celulose que gostam de água, como algodão e viscose, absorvem mais água do suor do que o poliéster, o poliéster não quer absorver a água. Ele gosta mais de óleo e absorve mais odores, que não se dissolvem na água, e mais compostos oleosos, que também podem se decompor e ficar com cheiro", explicou Rachel McQueen.
Mas nem todos os tecidos fedorentos eram tão ruins assim. Nylon e lã, por exemplo, liberaram o cheiro ruim de forma mais rápida. “Isso nos diz que, embora o poliéster ainda precise ser lavado, para roupas de nylon e lã, as pessoas podem refrescá-las apenas as arejando em vez de lavá-las todas as vezes”, destacou McQueen.
Por fim, os pesquisadores deixaram a dica: se você tem horror a roupas fedorentas, fique longe do poliéster, que é uma fibra sintética produzida a partir do petróleo. "Mesmo com algumas das alegações anti-odor em algumas etiquetas de roupas, você pode querer ser cauteloso. Se a propriedade anti-odor for devido a um antimicrobiano, pode não ser tão eficaz quanto você pensa, porque há outro mecanismo em jogo, que é tudo sobre a química da fibra e a interação com os odores do suor", concluiu a pesquisadora.