Ciência
11/05/2024 às 16:00•3 min de leituraAtualizado em 11/05/2024 às 16:00
O canibalismo (o ato de comer indivíduos da mesma espécie) é algo que nos aterroriza. Mas, ao mesmo tempo, há quem tenha a curiosidade para saber qual seria o gosto da carne humana.
Tecnicamente, somos animais de carne vermelha, e vários relatos de canibais já oscilaram muito na descrição do sabor. Enquanto alguns disseram que temos gosto de carne de porco com consistência de carne bovina, outros lembram do sabor de atum cru ou mesmo de peru assado.
Certamente, o maior canibal da ficção é o doutor Hannibal Lecter, que apareceu pela primeira vez no romance Dragão Vermelho, escrito por Thomas Harris em 1981. Na sequência, o autor lançou O Silêncio dos Inocentes, que gerou uma adaptação muito popular e que trouxe fama ao personagem graças à interpretação de Anthony Hopkins. Desde então, muitos fãs ficaram curiosos em saber qual seria o tal sabor da carne humana.
É também interessante ressaltar que, formalmente, o canibalismo não é um crime nos Estados Unidos – mas o processo para obter essa carne certamente é. Ainda assim, alguns incautos tiveram a experiência horripilante de provar esse tipo de carne. Essas pessoas que praticaram canibalismo compartilharam o que viveram, ajudando a saciar o desejo por essa informação.
Um exemplo está no jornalista William Seabrook, que na década de 1920 viajou para a África Ocidental e afirmou ter conhecido uma tribo canibal que ofereceu a ele essa iguaria. Sua história foi relatada no livro Jungle Ways, cuja veracidade foi questionada. Seabrook acabou confessando que a tribo nunca havia deixado que ele participasse de suas tradições.
Contudo, o jornalista disse que, depois dessa viagem, conseguiu obter um pouco de carne humana com um amigo que trabalhava em um necrotério em Paris. Ele a cozinhou, comeu e depois deu o seguinte relato: "não era como nenhuma outra carne que eu já havia provado. Era uma carne suave e boa, sem nenhum outro sabor bem definido ou altamente característico, como, por exemplo, a cabra ou o porco. O bife era um pouco mais duro do que a vitela de primeira qualidade, um pouco pegajoso, mas não muito duro ou pegajoso para ser agradavelmente comestível".
Seabrook chegou a detalhar até a textura do "churrasco" que desfrutou: "o assado, do qual cortei e comi uma fatia central, estava tenro, e na cor, na textura, no cheiro e no sabor, reforçou a minha certeza de que de todas as carnes que habitualmente conhecemos, a vitela é a única parecida".
O jornalista não foi o único a experimentar o sabor peculiar dessa carne. Alguns sujeitos tiveram experiências mais profundas. Um deles foi Armin Meiwes, um técnico de computação alemão que ficou famoso por ter matado e comido um homem que se voluntariou para isso.
Meiwes depois foi preso pelo ato, mas confessou que comeu quase 40 quilos do homem. Segundo o seu relato, sua carne lembrava a de porco, mas mais amarga. "A primeira mordida foi, claro, muito estranha. Foi uma sensação que não consigo descrever. Passei mais de 40 anos desejando isso, sonhando com isso. E agora eu estava tendo a sensação de que estava realmente alcançando essa conexão interna perfeita através da carne dele. A carne tem gosto de porco, mas é mais forte", falou ao The Independent.
Outra pessoa a descrever a experiência foi o japonês Issei Sagawa, que, em 1981, matou e devorou uma mulher de 25 anos em Paris. Sagawa detalhou os cortes que, para ele, eram mais saborosos: disse que as nádegas derretiam na língua como atum cru e que sua carne preferida era o pescoço. Já os seios foram descritos como gordurosos.
Há também os casos dos serial killers que venderam carne humana, como Karl Denke, Fritz Haarmann e Karl Grossmann. Todos comercializariam essa carne clandestinamente, vendendo-a como se fosse carne de porco. Grossmann, inclusive, vendia cachorro-quente feito com esse produto infame.
Há ainda os poucos casos de mulheres canibais. A modelo egípcia Omaima Nelson matou em 1991 o seu marido abusivo e comeu seu corpo. Segundo ela, as costelas do homem eram bastante doces – mas ela também confessou ter temperado a iguaria com molho barbecue.