Estilo de vida
01/12/2024 às 06:00•2 min de leituraAtualizado em 01/12/2024 às 06:00
Embora saibamos, mas nem sempre, quanto dinheiro temos no bolso, saber o montante do mais desejado meio de troca no mundo é complicado. Em uma matéria recente, o site de notícias britânico IFLScience apurou o total do chamado meio circulante (cédulas e moedas) em alguns países do mundo em setembro de 2024: o Reino Unido possuía 96,5 bilhões de libras, os EUA US$ 5,6 trilhões, a União Europeia 4,8 trilhões de euros e a China 12,2 trilhões de yuans.
Por incrível que pareça, chegar a esses valores é uma tarefa simples, pois como o dinheiro é físico, basta monitorá-lo, o que é feito pelos bancos centrais de cada país. Assim, chegamos a um total de pouco mais de 6 trilhões de libras (ou cerca de R$ 44,7 trilhões). O problema é que as flutuações econômicas e a variação do câmbio fazem esse número mudar rapidamente.
Mas existe também o chamado agregado monetário M1, que é o meio circulante ampliado, ou seja, o papel moeda em poder do público e também os depósitos à vista nos bancos, que são recursos de disponibilidade imediata. No caso do exemplo anterior, o dinheiro do Reino Unido do exemplo anterior passaria para 2,2 trilhões de libras ao se considerar os fundos eletrônicos.
Em 2019, Elon Musk, que na época já era uma das pessoas mais ricas do mundo com um patrimônio de US$ 22,3 bilhões, reclamou que não podia pagar uma indenização que lhe estava sendo cobrada na justiça, de “apenas” US$ 190 milhões. Em um depoimento, ele fez uma declaração curiosa: "Algumas pessoas pensam que tenho muito dinheiro, mas, na verdade, eu não tenho".
Embora isso possa soar como mais uma de suas frases bizarras do X, ela é verdadeira. Pois o patrimônio (que também envolve imóveis, investimentos, ações, obras de arte, joias, direitos e créditos) pode aumentar ou diminuir de valor frequentemente e nem sempre é fácil de ser convertido em dinheiro vivo.
Em uma entrevista para o The Conversation no início deste ano, o professor de economia Renaud Foucart, da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, explicou que "pessoas muito ricas mantêm apenas uma pequena parte de sua fortuna em dinheiro. Eles preferem também possuir coisas como negócios que provavelmente os tornarão ainda mais ricos".
Tentar converter a riqueza das pessoas e das nações em dinheiro é uma das forças mais destrutivas do planeta. Um exemplo muito claro disso é quando garimpeiros invadem as terras dos povos indígenas da Amazônia para extrair ouro: eles sacrificam ecossistemas inteiros para gerar dinheiro.
Mas há valores que nem sempre podem, e nem devem, ser monetizados. Floresta é um deles, assim como a biodiversidade, o seu tempo de lazer, a qualidade ambiental, a sua qualidade de vida. Tudo isso pode ser convertido em dinheiro, mas vale à pena? Nós mesmos, por uma graninha extra, destruímos muitas vezes nossa saúde física e mental.
Assim, saber quanto dinheiro há no mundo desconsidera, às vezes, a noção de riqueza. E esta nem sempre pode ser transformada em dinheiro, para o nosso próprio bem. Afinal, embora o dinheiro consiga expressar todos os valores econômicos, nem tudo que tem valor pode ser medido em dinheiro.