Ciência
16/08/2020 às 10:00•2 min de leitura
Durante radiografias de rotina em esqueletos de peixes, cientistas do Departamento de Biociências da Rice University, em Houston, identificaram uma imagem assustadora de um dos espécimes observados. Apesar do animal já estar morto, os especialistas conseguiram detectar um pequeno movimento em sua língua, indicando que havia algo de errado. Foi então que as respostas surgiram; não era uma língua de peixe real, mas sim um pequeno crustáceo que havia substituído o órgão.
O parasita trata-se de uma espécie de isópode semelhante a um inseto, que assumiu uma função no organismo do peixe como uma língua viva. O fato foi possível graças a uma habilidade que o pequeno crustáceo possui, sendo capaz de absorver todo o sangue da estrutura original até que murche para, logo depois, ocupar seu lugar na boca do animal.
Mondays aren't usually this eventful. I found a tongue-eating isopod (purple) in one of our wrasse scans this morning while digitizing it. These parasites attach themselves to the tongues of fishes and effectively become the new tongue...horrifying #backdatwrasseup pic.twitter.com/axlraUrh8W
— Kory Evans PhD (@Sternarchella) August 10, 2020
"Segundas geralmente não são tão agitadas. Encontrei um isópode (roxo) comedor de língua em uma de nossas varreduras esta manhã, enquanto digitalizava. Esses parasitas se prendem às línguas dos peixes e se tornam efetivamente a nova língua... horrível".
"Eu comparo as formas do crânio de todos esses peixes diferentes entre si, o que requer a colocação de pontos de referência - marcadores digitais - em diferentes partes do corpo. Parecia que tinha algum tipo de inseto na boca. Então pensei, espera aí; este peixe é herbívoro, ele come algas marinhas. Então eu puxei o scanner original e, vejam só, era um piolho comedor de língua", explicou Kory Evans, bióloga e professora assistente do departamento.
Entre 380 espécies de isópodes existentes, os comedores de língua são metodológicos em sua abordagem e se alimentam de peixes maiores de maneira imperceptível. Invadindo o organismo de animais marinhos através das guelras, o parasita se direciona diretamente para o órgão gustativo, passando a saboreá-lo lentamente até que a estrutura seja completamente desgastada.
Após alimentar-se e com o peixe hospedeiro ainda vivo, o vampiresco assume o lugar da língua e passa a degustar todos os alimentos que o peixe vai recebendo. Tudo é possível graças a um sistema de acoplagem que o parasita possui, agarrando a língua com seus sete pares de pernas e liberando um anticoagulante que facilita o fluxo de sangue. A substituição pode durar anos sem que seja sentida pelo hospedeiro... Sinistro, não?