Artes/cultura
18/04/2021 às 06:00•2 min de leitura
Em junho de 1965, James Hirem Bedford, um renomado professor de psicologia da Universidade da Califórnia, tomou uma decisão: depois que morresse, ele queria ser preservado em congelamento criogênico para que pudesse ser ressuscitado anos mais tarde.
Naquela época, a Life Extension Society (LES) estava oferecendo a oportunidade de preservar uma pessoa pela primeira vez na história da tecnologia – que ainda era um tanto quanto experimental. Bedford acreditava que ainda tinha chances de se livrar do câncer que se enraizava dentro dele, porém rapidamente reservou mais de US$ 100 mil em seu testamento para custear pesquisas sobre criogenia e assinou um termo em que deixava claro que seu desejo final era ser criopreservado.
Quando ele morreu, em 12 de janeiro de 1967, seu filho e sua esposa travaram uma verdadeira guerra nos tribunais para evitar que aquela quantia toda de dinheiro fosse destinada à criopreservação do homem e às demais pesquisas na área. No entanto, eles perderam a ação judicial e Bedford teve o destino que sempre desejou.
(Fonte: Kriorus/Reprodução)
Após atestada a morte legal de Bedford, seu corpo foi preparado por Robert Prehoda, pelo médico biofísico Dante Brunol e por Robert Nelson, então presidente da Cryonics Society of California. Para impedir o envelhecimento do corpo, o sangue de Bedford foi substituído por um composto de 15% de dimetilsulfóxido, para que as células dele não fossem destruídas no congelamento, e 85% de solução de ringers, que os médicos acreditavam ser útil para a criogenia a longo prazo. Em seguida, ele foi depositado em uma cápsula cheia de nitrogênio líquido e sob uma temperatura de -196º C nas instalações Cryo-Care, de Edward Hope, no Arizona (EUA), por 2 anos.
Ao longo dos anos, o corpo criopreservado de Bedford passou por 5 laboratórios, sendo que um deles foi a Trans-Time, perto de Berkley (Califórnia), em 1973, antes que sua família finalmente construísse uma instalação na Fundação Alcor de Extensão de Vida, em Scottsdale, no Arizona, onde ele permanece até hoje.
(Fonte: Alcor/Reprodução)
Em 1991, após a condição do corpo de Bedford ser reavaliada, os médicos constataram que sua temperatura externa permaneceu abaixo de zero durante todo esse tempo. No entanto, como a medicina evoluiu muito e o processo de criopreservação foi aprimorado, tornou-se ainda mais improvável que um dia o professor voltasse à vida, tanto devido a sua morte clínica quanto pelo procedimento que foi usado para preservá-lo naquela época.
Desde a década de 1960, mais de 300 pessoas foram submetidas ao processo de criopreservação dos Estados Unidos e da Rússia, países considerados os pioneiros na criogenia.
James Bedford foi o primeiro homem na história a ser criopreservado, como escreveu Robert Nelson em seu livro We Froze The First Man, e seria um avanço absurdo se um dia ele voltasse a abrir os olhos.