Ciência
29/04/2021 às 12:30•2 min de leitura
Um mistério que vinha assombrando os frequentadores da costa do mar de Salish entre Canadá e EUA, a aparição periódica de pés humanos na areia das praias, parece ter sido finalmente desvendado. Entre 2007 e 2019, houve o aparecimento de 21 pés aleatórios, todos calçados e completamente desligados dos corpos originais.
Os primeiros pés foram encontrados por uma garota e um casal que passeavam pela praia no lado canadense do mar, que corre ao longo da parte sudoeste da Colúmbia Britânica e a parte noroeste do estado norte-americano de Washington. Segundo a legista regional da ilha de Vancouver, Rose Stanton, “ambos os pés estavam em decomposição, mas ainda tinham carne”, disse ela à CBC.
A esses dois pés, ambos tamanho 44, seguiram-se outros nos anos seguintes, alguns vindo aos pares e quase sempre de tênis. Logo, a mídia começou a noticiar o fato, com algumas especulações que iam desde a atuação de um serial killer na região até a tese da Máfia, que poderia estar se livrando dos corpos no mar.
Fonte: Ben Nelms/National Post/Reprodução
No verão de 2007, a cientista forense Gail Anderson, da Simon Fraser University, estava conduzindo um estudo para o Centro de Pesquisa da Polícia Canadense para entender a rapidez com que uma vítima de homicídio se decomporia no oceano. O estudo foi feito no mar Salish, onde um terceiro pé apareceu seis meses depois.
A explicação é que qualquer corpo, vítima de acidente ou suicídio, que afunda no mar é logo atacado por um exército de necrófagos composto por peixes e crustáceos. Mas os crustáceos são preguiçosos e têm uma preferência por atacar as partes mais macias do corpo, como são os tornozelos, constituídos principalmente por tecidos moles e ligamentos. No processo, os pés logo se soltam, separados pelos peixes.
Quanto ao motivo pelo qual os pés começaram a surgir nas praias somente a partir de 2007, a explicação foi dada por Laura Yazedjian, antropóloga forense da Colúmbia Britânica, à National Geographic: foi o novo design dos tênis, que passaram a ser confeccionados com espumas mais leves e bolsas de ar nas solas, que os tornaram naturalmente flutuáveis.
Atualmente, a polícia forense da Colúmbia Britânica está utilizando o DNA para ligar os pés a pessoas desaparecidas na região. Nove deles já foram esclarecidos.