Estilo de vida
28/03/2019 às 06:01•2 min de leitura
Todo mundo tem em casa uma caixa em que ficam guardados os remédios que sobram ao longo do tempo. Quando bate aquela dor de cabeça ou má digestão, antes de ir até uma farmácia, o primeiro impulso é procurar saber se já não tem o tratamento disponível em casa. Quase sempre achamos o medicamento necessário, mas e se ele estiver vencido?
Cada país possui uma legislação específica sobre validade de remédios, porém são os fabricantes que determinam o limite. Em entrevista concedida à BBC Mundo, o diretor de farmacologia da Clínica Universidad de Navarra, José Ramón Azanza, explicou que a maior parte dos produtos possui um período de validade de 2 anos, mas a Organização Mundial da Saúde estipula que esse prazo pode ser de até 5 anos.
Excluindo remédios com princípios ativos mais instáveis ao longo do tempo, como insulina ou antibióticos, em geral os fármacos mantêm suas propriedades por um período muito maior do que o indicado na caixa.
As datas são determinadas através de análises, com as quais o laboratório responsável garante que naquele período os princípios ativos funcionarão como descrito na bula. Após a validade, os remédios ainda podem fazer efeito, mas sua eficácia talvez não seja mais a mesma.
Há algum tempo, o Dr. Lee Cantrell, professor de Farmácia Clínica em San Diego, teve a rara oportunidade de analisar remédios fabricados há 40 anos. Dentre os objetos de estudo estavam anti-histamínicos, analgésicos e pílulas para emagrecimento. Os resultados foram publicados em um estudo, em 2012, no qual ele chegou à conclusão de que alguns dos medicamentos ainda apresentavam eficiência total em seus princípios ativos.
As chances de contaminação por ingestão de um remédio que ultrapassou sua data de validade são muito pequenas, segundo Azanza, mas isso não é impossível. Na maior parte das vezes, o pior que pode acontecer é a não obtenção dos efeitos desejados.
Colírios são um caso à parte e, após utilizados pelo período determinado pelo médico, Azanza diz que eles devem ser descartados, mesmo se estiverem dentro do prazo de validade. Outro remédio comum e que precisa de cuidado especial é a aspirina, pois o ácido acetilsalicílico, seu componente ativo, com o tempo forma o salicilato, que é abrasivo e não deve ser consumido por via oral.
No fim das contas, o recomendável é sempre consultar um especialista sobre a data de validade de um medicamento. Na falta dessa possibilidade, comprar um dentro do prazo é a melhor saída para não correr o risco de transformar um pequeno problema em algo muito maior.