Gripe Equina: a pandemia que transformou os EUA no século XIX

07/07/2021 às 04:002 min de leitura

Desde 430 a.C que a humanidade sofre com pandemias, sendo a primeira registrada em Atenas durante a Guerra do Peloponeso. Vindo da Líbia, Etiópia e Egito, a doença – certamente febre tifoide – causava febre, sede, língua e garganta com sangue e lesões cutâneas. A pandemia foi a responsável por levar a derrota do povo ateniense para os espartanos, com a morte de dois terços da população.

Pandemias sempre resultaram em um acúmulo de fatores, ou seja, mortes que levam à turbulência econômica. Em 1886, quando o primeiro automóvel ainda estava há 14 anos de distância e a produção em massa não aconteceria até o século XX, os cavalos eram os únicos meio de locomoção de maneira rápida e confortável.

A economia e a sociedade dependiam inteiramente do transporte animal, então no momento em que a gripe equina chegou naquele outono, a crise foi geral.

A crise

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Não demorou muito para que as pessoas notassem os sintomas das doenças nos cavalos: tosse áspera, febre, orelhas caídas e exaustão eram sintomas inconfundíveis da gripe equina. Do Canadá à América Central, estima-se que cerca de 8 milhões de cavalos morreram.

Cidades como Ontário paralisaram completamente, e o resultado disso foram toneladas de produtos apodrecendo em cais, depósitos transbordando de mercadorias não entregues, bares e mercados com prateleiras vazias. Ninguém ia à casamentos ou funerais, e as empresas chegaram a contratar por altos salários pessoas que pudessem empurrar seus carrinhos de entrega.

(Fonte: The Pantagraph/Reprodução)(Fonte: The Pantagraph/Reprodução)

Há duas décadas de distância de os cientistas identificarem o vírus, o que os proprietários dos cavalos poderiam fazer era desinfetar os estábulos, melhorar a alimentação dos animais e cobri-los com novos cobertores. Aqueles que viam os animais somente como meio de trabalho, deram gim e gengibre para eles e tinturas mascáveis de arsênico na esperança de que se recuperassem o mais rápido o possível.

Segundo o Chicago Tribune da época, muitos cavalos foram maltratados e sobrecarregados apesar de estar doentes, causando milhares de mortes em vias públicas.

A reforma de Bergh

(Fonte: HistoryNet/Reprodução)(Fonte: HistoryNet/Reprodução)

André Smith, veterinário e fundador do Ontario Veterinary College, disse que não existiu um paciente zero, apenas que os casos começaram a acontecer em York, Scarborough e Markham. O filantropo Henry Bergh, fundador da Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade Contra Animais, foi o responsável por aprovar a primeira lei anti-crueldade moderna do país.

Além disso, Bergh foi quem administrou bloqueios na cidade para checar o estado dos cavalos que entravam e saíam, impedindo que a crueldade humana contra eles se propagasse. 

Conforme a doença foi seguindo seu fluxo, a sociedade passou a se perguntar se um dia se recuperaria das marcas deixadas pela pandemia. O episódio marcou a busca incessante pela substituição do cavalo por novas tecnologias de vapor e eletricidade, e a necessidade de não tratar animais como se eles fossem máquinas.

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