Como os judeus combateram o tifo mortal no Gueto de Varsóvia

12/07/2021 às 08:002 min de leitura

Enquanto os campos de concentração foram campanhas diretas para exterminar todos os tipos de pessoas que não se enquadravam no padrão imposto por Adolf Hitler na Alemanha da Segunda Guerra Mundial, o Gueto de Varsóvia, na Polônia, foi um grande cativeiro a céu aberto onde os judeus foram mantidos pelo exército para que fossem submetidos à fome, ao trabalho forçado e a doenças mortais, além de execuções.

Com cerca de 400 mil judeus selados dentro de 2,4% do território da cidade, sem acesso à saúde ou à higiene adequada, o tifo voltou a se espalhar depois de apresentar surtos durante a Primeira Guerra Mundial, com uma taxa de mortalidade de até 40% nos casos.

Prosperando em condições pouco higiênicas e transmitida por piolhos, a doença altamente contagiosa se proliferou entre os judeus como uma sentença de morte, mas, contrariando as expectativas, eles venceram.

A luta contra a morte

(Fonte: The Guardian/Reprodução)(Fonte: The Guardian/Reprodução)

Mais de 100 mil judeus foram infectados pelo tifo, dos quais 25 mil morreram por causa da doença. Lutando contra a propaganda nazista que os retratava em pôsteres como vetores de uma doença mortal (o que abria margem para justificar o genocídio), os judeus reuniram esforços para combater o tifo por meio de métodos de contenção e seguindo protocolos de saúde.

Com a ajuda do epidemiologista Ludwik Hirszfeld, os funcionários judeus da saúde pública dividiram a população do gueto em suscetíveis, expostos, infectados e recuperados; e os separaram em zonas de quarentena. Sem nenhum antibiótico existente para o tifo na época, o tratamento era limpeza e pente para remover os piolhos.

(Fonte: Brainstudy/Reprodução)(Fonte: Brainstudy/Reprodução)

Por meio de centenas de palestras públicas, alguns médicos judeus montaram cursos sanitários e de higiene para instruir a população, além de criarem universidades médicas clandestinas para treinar jovens estudantes de Medicina a lidar com os efeitos das epidemias. As pessoas foram incentivadas a vasculhar o corpo em busca de piolhos e a lavar, trocar e passar roupas o máximo o possível.

Em 1941, quando a epidemia deveria aumentar devido à aproximação do inverno, os casos caíram cerca de 40% no Gueto. Muitos médicos poloneses descobriram como forjar testes positivos para apresentar à Gestapo, salvando-os do trabalho forçado e também mantendo a ideia de que os judeus ainda sucumbiam ao tifo.

Foi assim que eles conseguiram sobreviver à doença em tempos de extermínio, mostrando a eficácia das campanhas de saúde pública e ouvindo o que os médicos tinham a dizer.

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