Artes/cultura
23/12/2021 às 02:00•2 min de leitura
Apesar de no Velho Oeste Americano crianças e bebês já tiverem feito o uso de drogas por meio de medicamentos, a Grande Farra (Great Binge) — termo cunhado no século XXI pelo historiador Gradus Protus van den Belt — foi o período entre 1870 e 1914 em que houve uma explosão na disponibilidade de várias drogas pela Europa e na América do Norte.
Antes da Lei de Farmácia aprovada no Reino Unido em 1868, qualquer pessoa poderia adquirir o ópio, uma das substâncias mais viciantes do mundo, e isso não era muito diferente em outras partes da Europa e dos Estados Unidos (EUA), onde o láudano (ópio dissolvido em álcool) era usado para dores de cabeça, insônia, diarreia e no tratamento da cólera.
Estima-se que mais de 12 mil quilos de ópio entraram nos EUA entre 1827 e 1842 por meio da British Levan Company e a British East India Company, as maiores importadoras da época. A droga foi vendida em papelarias, tabacarias, barbeiros, mercados e farmácias, prescrita por médicos para tratar adultos e crianças.
(Fonte: PodSpace/Reprodução)
A Grande Farra patrocinou o uso da cocaína para hemorroidas, indigestão, supressão do apetite e fadiga. Até mesmo Sigmund Freud (1856-1939) sugeriu a droga como tratamento terapêutico para depressão e alcoolismo. A indústria comercializou pastilhas com cocaína para dores de dente e "curar" timidez em crianças.
Em 1895, a diacetilmorfina foi sintetizada a partir da morfina por Heinrich Dresse e Felix Hoffmann enquanto trabalhavam para a empresa Bayer Company, na Alemanha. Demorou mais de 3 anos até que a heroína, como o novo produto químico era chamado, estivesse disponível no mercado para ser comercializado como um analgésico não viciante.
(Fonte: 9GAG/Reprodução)
O Xarope Calmante da Sra. Winslow contendo uma dose alta de álcool e morfina, considerado um "assassino de bebês" pela American Medical Association, foi administrado em bebês, sendo que uma colher de sopa continha 20 gotas de láudano, cerca de 65 mg de morfina. Conforme a Wellcome, milhares de crianças na Califórnia entraram em coma ou morreram só na década de 1860 em decorrência do xarope.
Foi só no começo do século XX que a Grande Farra começou a perder força com a assinatura da Convenção Internacional do Ópio, em 23 de janeiro de 1912, em Haia (Holanda). Era o primeiro tratado internacional para coibir o uso de drogas para fins médicos.
Foi só no final do ano que todas as potências da Europa foram convidadas a assinar, bem como os EUA foram solicitados a entrar em uma jornada para obter assinaturas dos países latino-americanos. No final, porém, a convenção foi ratificada apenas pela China, Holanda, EUA, Honduras e Noruega.