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29/12/2021 às 12:00•3 min de leitura
Para quem não gosta de calor, morar em um país tropical está longe de ser uma benção. Muitos brasileiros sentem a pressão baixar, ficam com falta de ar e cansaço excessivo e sofrem com dificuldade para dormir sempre que as temperaturas aumentam, especialmente no verão. Contudo, além do desconforto causado pelo calor, há pessoas que realmente têm alergia a ele — sim, isso existe.
(Fonte: Shutterstock)
Há duas condições principais que podem causar alergias relacionadas ao calor: a brotoeja (ou miliária) e a urticária colinérgica. A primeira ocorre mais em bebês, crianças e idosos, surgindo quando as glândulas sudoríparas são obstruídas na tentativa de liberar suor e aparecem inchaços em regiões como pescoço e axilas. A brotoeja pode coçar muito e, em casos graves, a pessoa fica cansada e passa mal.
Já a urticária colinérgica atinge mais adolescentes e adultos, que sentem coceira quando a temperatura do corpo aumenta e o organismo libera suor; a alergia, no caso, é a substâncias presentes na transpiração. Além da coceira, geralmente nas costas e no pescoço, as pessoas que têm urticária coligênica podem sentir náusea, tosse ou falta de ar, bem como inchaço na pele, nos lábios e na garganta. Em casos mais graves, a alergia pode levar ao choque anafilático.
Pessoas com urticária colinérgica têm alergia ao próprio suor. (Imagem: Pexels)
A verdade é que não existem curas definitivas para essas condições, então o melhor a fazer é evitar o calor excessivo, ficando na sombra e usando roupas leves. Quando a reação aparecer, é possível tratar seus sintomas. Essa alergia não costuma exigir tantas preocupações quando se manifesta em bebês e crianças, por isso o responsável pode limpar a área suada com um pano limpo, levar o pequeno para ambientes mais frescos e arejados, além de dar banhos frios com frequência.
Em situações mais severas, pomadas com anti-histamínicos podem aliviar os sintomas, mas só devem ser usadas com orientação médica. Conforme a pessoa vai crescendo, as ocorrências de alergia ao calor tendem a diminuir.
(Fonte: Shutterstock)
Para adultos com urticária colinérgica, as recomendações são parecidas: usar roupas frescas de tecidos naturais, evitar atividades que aumentem muito a temperatura do corpo e limpar as regiões suadas.
É importante ter muito cuidado com as reações alérgicas para evitar passar mal de verdade e parar no hospital. Para não correr mais riscos — mas conseguir viver normalmente — é necessário consultar um médico dermatologista ou alergologista (especialista em alergias), para fazer o teste e confirmar se a alergia é mesmo ao calor (ou se o problema é outro).
As reações alérgicas ao suor costumam durar poucos minutos e no máximo algumas horas. Casos mais intensos e frequentes, que realmente impedem a pessoa de aproveitar uma vida normal em regiões que fazem calor, são menos comuns e demandam mais atenção.
A americana Carrie Schmitt, por exemplo, ficou com as pernas tão inchadas que precisou ser levada ao hospital às pressas após um passeio com os filhos em uma tarde de verão. Os médicos demoraram para descobrir o que havia de errado, mas depois de outras ocorrências deram o diagnóstico: urticária colinérgica e solar.
Carrie Schmitt. (Fonte: Michael Sladek/Reprodução)
Schmitt precisou parar de trabalhar e ficou isolada em sua cama por meses, para evitar novas reações e um choque anafilático que poderia matá-la. A solução só veio quando a família se mudou de Ohio, que tem temperaturas até 38 °C, para a chuvosa Seattle, ambas nos Estados Unidos.
Ela ainda tem de evitar alguns programas, como partidas de futebol em tardes quentes, mas consegue ter uma vida quase normal. A mulher também começou a pintar e escreveu uma autobiografia como forma de lidar com essa condição. O livro é intitulado The Story of Every Flower (A história de cada flor, em tradução livre).