Artes/cultura
22/01/2022 às 13:00•3 min de leitura
Especialistas alertam que a pandemia de covid-19 foi o prenúncio de um "novo normal" na questão de saúde. A nova cepa de influenza H3N2 (Darwin) veio corroborar esta afirmação, indicando que não teremos mais "temporadas" de gripe, com a séria possibilidade do coronavírus se tornar uma doença endêmica. E mais: a infecção simultânea de covid-19 e cepas do vírus da gripe parece ser a tendência para o futuro.
Os índices de vacinação atuais demonstram a eficácia dos imunizantes, que diminuíram as taxas de internação e morte por doenças respiratórias. Contudo, a descoberta de infecções simultâneas por covid-19 e H3N2, popularmente chamada de "flurona", ligaram o alerta da comunidade científica, em especial os epidemiologistas, que temem a ameaça duplicada.
(Fonte: O Globo)
Parece consenso entre especialistas em epidemiologia que a sociedade precisará aprender a conviver com o coronavírus. Uma pesquisa foi realizada com cem imunologistas, virologistas e epidemiologistas pela revista Nature no início do ano passado e revelou que, para cerca de 90% deles, é improvável que a doença seja erradicada.
Isso significaria que ela se tornaria uma doença endêmica, circulando de maneira constante, porém limitada a bolsões da população mundial. O lado menos tenebroso disso é que seria possível prever suas taxas de incidência e transmissão, permitindo, por exemplo, a criação de programas de imunização nas épocas de maior ocorrência, como já é realizado no caso da gripe comum.
De acordo com Julio Croda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as formas graves seguirão sendo controladas. "Com a vacinação e com o reforço vacinal, vamos conseguir impedir evolução para forma grave, mas não a circulação do vírus", contou em entrevista à Folha de São Paulo.
Os desafios a serem enfrentados caso a covid-19 se torne endêmica são grandes. A vacinação, por exemplo, deve se tornar alvo de campanha anual, com as vacinas sendo adaptadas às novas variantes que surgirem pela mutação do vírus. Além disso, o trabalho e as escolas precisarão se adaptar a este cenário em que o vírus é onipresente.
Estas informações impõem um sério desafio à sociedade: o de mudar seus comportamentos pensando no bem coletivo. Aglomerações em épocas de grande circulação do vírus necessitariam ser evitadas, enquanto pessoas contaminadas deveriam permanecer em casa.
(Fonte: Andrea Rego Barros/Revista Galileu)
Todos os cenários postos no momento por especialistas são apenas hipóteses. Existem alguns que defendem que a atual variante dominante, a ômicron, é o prenúncio do fim da pandemia. Entre os cenários positivos desenhados, dois enchem a população de expectativa.
No primeiro, o coronavírus seria erradicado em algumas regiões, como já ocorreu com outras doenças, como o sarampo. Enquanto partes do planeta contam com ampla cobertura vacinal e controle epidemiológico, outras regiões com menores índices de vacinação ainda sofreriam com a sazonalidade da doença, podendo até mesmo levá-la para regiões que não mais tivessem casos. Isso significaria que fechamentos esporádicos de fronteiras poderiam ocorrer.
Já o cenário mais positivo levantado por pesquisadores seria a completa erradicação do vírus. Para isso, a imunidade adquirida com a vacinação não poderia decair com o passar do tempo e o vírus não poderia sofrer mutações capazes de contornar a proteção obtida com as vacinas. Para que esse cenário se tornasse real, é fundamental completar o ciclo imunizacional e tomar as doses de reforço.
(Fonte: Instituto Butantan)
Só no século XXI, outras três doenças já haviam feito o mundo tremer, atingindo grande quantidade de pessoas, muitas delas de forma letal.