Artes/cultura
01/06/2022 às 13:00•3 min de leitura
Se você acompanha o noticiário, já deve ter ouvido falar no surto de varíola dos macacos que tem acontecido em algumas regiões do mundo. Se por um lado ela pode parecer assustadora por surgir enquanto a pandemia de covid-19 ainda não acabou, por outro ainda não há motivos para se preocupar.
Por ser menos contagiosa e mais fácil de ser diagnosticada, tudo indica que não devemos ter uma nova pandemia. Mas isso não significa que a doença não merece atenção e que nós não precisamos nos cuidar. Abaixo você confere um resumo de tudo o que já se sabe sobre a varíola dos macacos, como preveni-la e como tratá-la.
A varíola do macaco deixa erupções na pele. (Fonte: Shutterstock)
A primeira coisa importante a se saber sobre a doença, é que diferente da covid-19, a varíola dos macacos já é bem conhecida pela ciência. Ela foi descoberta em 1958 em macacos de laboratório, mas o primeiro caso em humanos só foi diagnosticado em 1970, na República Democrática do Congo. Desde então a doença se tornou endêmica no continente africano.
Ainda não se sabe exatamente como a doença começou a se espalhar pelo mundo. Até o momento, o vírus já foi registrado em pelo menos 20 países, incluindo EUA, Canadá, Israel, Europa e Brasil. Segundo um comunicado feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no último domingo (29), 257 casos da doença já foram confirmados e outros 120 casos suspeitos estão sendo investigados. Nenhuma morte foi relatada até o momento.
Prevenção contra o vírus. (Fonte: Shutterstock)
Os sintomas iniciais da varíola dos macacos são semelhantes aos da gripe e incluem febre, fadiga, dor de cabeça e gânglios inchados, calafrios e dores no corpo. Depois de 3 a 4 dias dos primeiros sintomas, o paciente passa a ter uma erupção cutânea (no rosto e depois em outras partes do corpo) antes que elas comecem a cair. A doença costuma durar de 2 a 4 semanas.
Normalmente, a varíola dos macacos ocorre em pessoas que tiveram contato com animais infectados. Pode ocorrer após uma mordida ou arranhão, ou após o consumo de carne animal mal cozida. Entre pessoas o contágio costuma acontecer principalmente por contato direto. Com menos frequência, por meio de contato indireto (manuseio as roupas de uma pessoa infectada) ou pela inalação de gotículas respiratórias, também é possível que aconteça o contágio.
A boa notícia é que a doença só é transmitida de pessoa para pessoa, depois que o paciente já apresenta os primeiros sintomas, sendo mais fácil de evitar o contato em comparação com a covid-19. A prevenção acontece principalmente evitando o contato direto com os pacientes. Caso você tenha algum caso na sua família, use máscara e luvas, lave regularmente as mãos e pratique o distanciamento físico quando possível.
Teste do vírus da varíola do macaco. (Fonte: Shutterstock)
Aqui temos mais uma notícia positiva. Além de já ser bem conhecida, a doença tem uma baixa taxa de letalidade (cerca de 1% dos casos), sendo mais grave em crianças, grávidas ou pessoas com imunossupressão. O tratamento consiste basicamente de repouso, beber muita água e o uso de antivirais, visto que a doença costuma ser leve e os pacientes se recuperam em poucas semanas.
Porém, como toda a doença ela exige atenção e cuidado, uma vez que pode evoluir para um quadro mais grave e, em alguns casos, levar a óbito. Segundo Viviane Botosso, diretora do Laboratório de Virologia do Butantan, “Apesar de ser uma doença autolimitante, que tende a se curar sozinha, e muito menos grave do que a varíola, pacientes imunocomprometidos e crianças podem desenvolver doenças mais graves e isso pode acarretar problemas de saúde pública”.
Pessoas que já foram vacinadas contra a varíola humana (erradicada em 1980) podem ter uma proteção de até 85% para a varíola dos macacos. Isso acontece porque os vírus pertencem a uma mesma família e compartilham material genético. “As pessoas vacinadas contra varíola têm anticorpos que protegem contra a monkeypox, o que não sabemos é se isso dura até hoje porque são mais de 40 anos”, concluiu Botosso.