Urinoterapia funciona? Entenda o que é esse 'tratamento'

Ao contrário do que encontramos em blogs e em publicações nas redes sociais, a urinoterapia não possui nenhuma comprovação científica de eficácia como tratamento médico. Ainda que seja uma prática bastante antiga, ingerir, banhar-se ou utilizar o xixi em qualquer outro método não traz nenhum benefício à saúde, tampouco é capaz de curar doenças.

A "terapia" é realmente estranha, mas já encontrou adeptos até mesmo em atletas de esportes de alto desempenho, como o brasileiro Lyoto Machida, ex-campeão dos meio-pesados do Ultimate Fighting Championship (UFC), que segue a prática. Nesse texto, vamos entender a origem do método de tratamento. Confira!

As origens da urinoterapia

(Fonte: Wikimedia Commons)

Bem antes da medicina moderna, as sociedades do mundo cuidavam de sua saúde das mais variadas formas, muitas delas baseadas em questões religiosas, mas não só. Historiadores apontam que diferentes povos usaram a urina como método de tratamento.

Em relatos e achados arqueológicos, foi possível identificar que egípcios, chineses, indianos, astecas e romanos fizeram do xixi remédio para curar feridas causadas por batalhas, bem como para o clareamento de dentes.

A tradição milenar, apesar da ausência de comprovação de eficácia, fazia sentido no contexto das épocas, principalmente pela dificuldade de acesso à água potável em muitas dessas sociedades. Acredita-se, então, que o uso de xixi estava relacionado com a lavagem de feridas pela ausência de água.

Em tempos iniciais de guerras químicas, quando era impossível obter uma máscara de gás, o uso de urina em um pano encharcado também ajudava a filtrar impurezas. Em suma, a ligação do método de uso de urina para fins medicinais só era justificado pela inexistência de alternativa.

Urinoterapia faz mal?

(Fonte: Wikimedia Commons)

Sim, fazer ingestão de xixi pode ser bastante prejudicial. Em 2003, o governo britânico precisou até proibir uma iniciativa que visava criar "bebidas saudáveis" à base de urina. Ainda que 90% dela seja feita de água, é importante ter em mente que é através do xixi, também, que nosso corpo remove resíduos que não serão aproveitados por nosso organismo.

Nela, podem estar contidas toxinas ambientais e outras substâncias consideradas nocivas. Até mesmo medicamentos são excretados através da urina, o que significa dizer que bebê-la pode fazer com que nosso corpo acumule níveis tóxicos dos compostos medicamentosos.

Por último, mas não menos grave, ela também pode conter bactérias patogênicas que ao serem ingeridas causam distúrbios como diarreia, náusea, vômito e infecções do sistema digestivo. Até a famigerada ingestão para sobrevivência não encontra precedentes científicos. Devolver líquido para o organismo pode fazer sentido, mas você também devolverá o que colocou para fora.

O que tem na urina? Ela é estéril?

(Fonte: Wikimedia Commons)

Cerca de 95% da urina é composta por água. Nos demais 5%, encontramos ureia, nutrientes e hormônios não absorvidos pelo nosso organismo. Ela é excretada pelos rins no momento em que estão filtrando o sangue, separando o que o corpo precisará e removendo os resíduos desnecessários, justamente aqueles 10%.

A ureia é um composto orgânico seguro, fruto natural de proteínas metabolizadas. Na indústria em geral, há muitos produtos feitos à base dela, desde loções para pele e unhas, até hidratantes. Mas, como sua concentração é baixa, não dá para querer usar o xixi para obter seus eventuais benefícios.

Agora, a ideia de que a urina possa ser estéril – isto é, livre de sujeiras e bactérias – é um mito completo. A bexiga, órgão que armazena a urina, possui colônias bacterianas, significando que usá-la em caso de cortes ou feridas, por exemplo, pode causar sérias infecções.

Reforçando: não há benefícios cientificamente comprovados da urinoterapia. Toda e qualquer necessidade de tratamento deve ser conversada com um médico. Somente ele saberá indicar o medicamento adequado para a boa qualidade de sua saúde.