Vitaminas em vapes: por que a nova moda não é uma boa ideia?

Apesar de ainda não ser algo totalmente difundido no Brasil, muitas empresas que produzem essências para cigarros eletrônicos (que você deve conhecer melhor como vape) estão vendendo vitaminas que podem ser fumadas nesses dispositivos, alegando que isso pode suprir todas as necessidades nutricionais do usuário.

Embora essas companhias digam que os benefícios são comprovados cientificamente, experts na área já apontaram que todos os estudos existentes sobre o assunto estão desatualizados e muito escassos.

O que dizem os especialistas

(Fonte: Getty Images)

Um epidemiologista nutricional, Regan Bailey, contou ao Scientific American que isso não passa de uma estratégia de marketing para vender o produto e fazê-lo parecer mais saudável, já que ele não tem nicotina e muita gente ainda associa vitaminas com saúde. Bailey também frisou que não se sabe muito sobre a eficácia ou segurança desses produtos, que podem ser totalmente inofensivos ou apresentar algum dano desconhecido aos fumantes.

A companhia VitaminVape é apenas uma das que fornece essas substâncias, incluindo uma essência com vitamina B12 em seu site oficial, afirmando que o produto é "completamente não tóxico". Ainda segundo o site, a vitamina é imediatamente absorvida quando inalada e esse método é "mais eficiente que a absorção de pílulas e comparável apenas às injeções (que ainda são mais eficazes)".

Como o Science Alert aponta, a própria VitaminVape se contradiz nesta parte, já que a página inicial do site oficial diz que o produto deles é "melhor que injeções e pílulas". Só que pior do que isso é a lista de fontes que servem para apoiar essas essências, já que metade delas são de estudos das décadas de 1950 e 1960. Ou seja, Regan Bailey realmente não estava exagerando quando disse que as pesquisas estavam desatualizadas.

Vale mencionar que esses são os estudos mais recentes no assunto e nem se referiam a vaporizadores (categoria em que os cigarros eletrônicos se encaixam), mas sim a umidificadores. Por isso, dá para afirmar que ainda não existem fontes confiáveis sobre a eficácia ou segurança de fumar vitamina B12 ou qualquer outra.

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Ron Crystal, um pneumologista norte-americano, conversou sobre o assunto com a Vox em 2018, citando que não se sabe o quão bem os pulmões absorvem nutrientes e quais efeitos isso pode ter no nosso corpo. Essencialmente, ele afirma que "você está colocando algo desconhecido dentro do seu corpo", o que significa que possíveis riscos também não são conhecidos.

Para ter noção da bagunça, nem as próprias empresas que estão vendendo essas essências conseguem entrar em um consenso sobre o que é seguro ou perigoso. Segundo a Scientific American, algumas companhias disseram que Vitamina D seria tóxica, enquanto outras afirmaram que a B12 poderia ser cancerígena quando tomada oralmente.

Infelizmente, esse é um debate que vai continuar existindo até que estudos sérios e atualizados sejam feitos. Mesmo neste cenário, o ideal seria esperar por pesquisas de longo prazo para ser possível saber se há perigos reais para a saúde e se realmente existe qualquer benefício no uso dessas vitaminas para o corpo humano.