Ciência
16/02/2023 às 12:00•2 min de leitura
Recentemente, um norte-americano que estava lutando contra um câncer de próstata acordou e, do nada, descobriu que havia desenvolvido um sotaque irlandês - mesmo sem nunca tenha pisado no país europeu.
Esse efeito, conhecido como síndrome do sotaque estrangeiro (FAS, em inglês), é bastante raro e com pouquíssimos casos registrados no mundo. Neste caso em específico (o primeiro em que a síndrome é associada a um câncer), o paciente de 50 anos estava lutando contra um tumor maligno avançado havia dois anos.
A equipe médica da Duke University Health System relata que ele possivelmente desenvolveu o que é conhecido como distúrbio neurológico paraneoplásico (PND) nesse processo. Ele é definido como uma complicação rara do câncer causada por células que deveriam combater doenças no sistema imunológico, mas acabam atacando o sistema nervoso.
(Fonte: Unsplash)
Após descobrir a mudança em seu sotaque, o paciente contou à equipe médica que tinha família e amigos irlandeses e chegou a morar por um período curto na Inglaterra durante a sua juventude, mas que de fato nunca havia pisado na Irlanda em sua vida.
A própria equipe médica ressaltou que essa variação no estilo de fala acabou se tornando incontrolável, e que antes disso acontecer ele não havia sofrido nenhum traumatismo craniano ou mesmo alguma variação em suas condições psiquiátricas.
O paciente foi, inclusive, submetido a uma ressonância magnética do cérebro, mas os resultados não trouxeram nenhuma anormalidade nos resultados. Pouco tempo depois ele teve complicações e acabou falecendo, mas os profissionais que estiveram em contato com ele até o final ressaltaram que o sotaque irlandês permaneceu até o último instante de vida.
(Fonte: Unsplash)
A ciência tem outros dois casos de síndrome do sotaque estrangeiro relacionados ao câncer. Veja um breve relato deles a seguir:
Além desses, há outro caso de síndrome do sotaque estrangeiro bem famoso que data de pouco depois da Segunda Guerra Mundial. De acordo com o The Atlantic, esse caso envolve uma mulher norueguesa chamada Astrid, que atingida por alguns estilhaços durante um ataque no grande confronto.
Dois anos depois, ela conversou com um neurologista chamado Georg Herman Monrad-Krohn, que escreveu sobre o fato de ela ter "desenvolvido um sotaque que fez sua fala ficar mais próximo do alemão ou francês, mesmo sendo totalmente fluente em norueguês".
No total, estima-se que até hoje cerca de 100 pessoas ao redor do globo tenham sido atingidas pela síndrome do sotaque estrangeiro, sendo o caso do norte-americano que abre esta notícia o mais recente de que se tem relatos.