Artes/cultura
09/03/2023 às 04:00•2 min de leitura
O curare é uma substância que já fascinou e assustou muitas pessoas ao longo da história. Utilizado como um poderoso veneno pelos índios sul-americanos, essa substância também tem sido utilizada como um importante medicamento, especialmente na anestesia e em doenças neuromusculares.
Curare é uma substância usada por indígenas há séculos. (Fonte: Getty Images)
O curare é um alcaloide extraído de diversas espécies de plantas, principalmente da família das Strychnos, encontradas na América do Sul. A substância é utilizada pelos povos indígenas da América do Sul há séculos. Eles a utilizam como uma ferramenta de caça, aplicando-a em dardos ou flechas para abater presas. Tal composto age como um bloqueador neuromuscular, paralisando o sistema respiratório e provocando a morte por asfixia.
No século XVIII, com a chegada dos colonizadores europeus, a substância chamou a atenção da ciência ocidental. Os europeus observaram que os indígenas utilizavam a substância com sucesso para caçar, sem matar a presa com os dardos envenenados. O curare foi então levado para a Europa, onde passou a ser estudado.
Medicamentos criados a partir do curare são usados como anestésicos. (Fonte: Getty Images)
Após anos de pesquisa, a ação do curare como relaxante muscular foi identificada em 1901, por um grupo de cientistas liderado por Henry Hallett Dale. No entanto, o avanço mais significativo veio em 1935, quando Harold Griffith e Enid Johnson, da Universidade McGill, demonstraram que a substância poderia ser usada como agente anestésico em humanos.
A partir daí, o curare começou a ser desenvolvido como um medicamento. Em 1942, a primeira preparação comercial de curare foi lançada como anestésico geral, com o nome de intocostrin. Entretanto, a substância ainda apresentava efeitos colaterais indesejáveis, como queda na pressão arterial, o que limitava seu uso. Anos depois, uma forma mais pura de curare, chamada tubarina, foi desenvolvida e passou a ser utilizada como relaxante muscular em cirurgias.
Desde então, várias outras substâncias semelhantes ao curare foram desenvolvidas, incluindo atracúrio, pancurônio e vecurônio, usados como relaxantes musculares em procedimentos cirúrgicos até hoje.
Injeções letais são tema controverso até hoje. (Fonte: Getty Images)
Na década de 1950, surgiram relatos de que alguns estados americanos estavam utilizando curare em combinação com outros medicamentos para realizar execuções de condenados à pena de morte. Alegou-se que o uso de curare fazia parte de um plano para tornar as execuções mais humanas, tornando o processo menos doloroso e mais rápido para o condenado.
No entanto, o uso de curare nas execuções foi criticado por grupos de direitos humanos e de defesa dos condenados. Eles argumentaram que a substância não tornava as execuções mais humanas, mas sim que ele encobria sinais visíveis de dor ou sofrimento durante a execução, já que a pessoa continuava consciente, mas estava totalmente paralisada.