Ciência
07/08/2023 às 11:00•2 min de leitura
Pessoas que tiveram covid-19 longa podem ter as atividades cerebrais tão afetadas quanto se tivessem envelhecido 10 anos, de acordo com um estudo feito pela King’s College London, do Reino Unido. Os cientistas também descobriram que os impactos da infecção chegam a ser sentidos por até dois anos.
A pesquisa, publicada na revista The Lancet no dia 21 de julho, investigou as sequelas pós-covid nas pessoas totalmente recuperadas da infecção e naquelas que continuaram a sofrer os efeitos do coronavírus por um tempo maior. Os resultados foram comparados com os de um grupo que não teve contato com o Sars-CoV-2.
É importante destacar que a covid prolongada acontece quando o paciente sente os sintomas da doença por mais de quatro semanas após o início da infecção. Em geral, os sinais mais relatados são fadiga, dificuldade de concentração, dores musculares e falta de ar.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
No total, 3.335 pessoas participaram do estudo, dividido em duas etapas, entre os dias 12 de julho e 27 de agosto de 2021 e 28 de abril e 21 de junho de 2022. Os voluntários foram submetidos a testes de desempenho cognitivo nesses períodos, que avaliaram o raciocínio, atenção, memória de trabalho e controle motor.
De acordo com os pesquisadores, as pessoas que sentiram os sintomas da covid-19 por três meses ou mais apresentaram os piores resultados nos testes. Neste grupo, o declínio cognitivo e de memória foi comparável aos efeitos provocados pelo aumento de 10 anos na idade.
O relatório indica também que não houve melhora significativa nas pontuações entre as duas etapas. Durante a segunda rodada de aplicação dos testes, o tempo médio desde a infecção inicial pelo novo coronavírus chegava a quase dois anos no grupo, sugerindo que os impactos continuam mesmo depois de todo esse período.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Por sua vez, as pessoas que não apresentaram mais sintomas logo após serem curadas tiveram desempenho semelhante ao de quem não se infectou. Em contraste, aqueles que não se sentiram totalmente recuperados tiveram pontuações de precisão de tarefas mais baixas, na média.
“Este estudo mostra a necessidade de monitorar as pessoas cuja função cerebral é mais afetada pela covid-19, para ver como seus sintomas cognitivos continuam a se desenvolver e fornecer suporte para a recuperação”, ressaltou o líder do estudo, Nathan Cheetham, em entrevista ao site da universidade britânica.
A covid de longa duração tem sido alvo de estudos em todo o mundo. Ela se caracteriza por um tipo de inflamação no líquido em torno do cérebro e da medula espinhal, relacionada ao Sars-CoV-2, resultando em transtornos que se mantêm a longo e médio prazos.
Também chamada de “névoa cerebral”, a condição pode se manifestar a partir de outras doenças, como a herpes, e nos pacientes que permanecem intubados na unidade de terapia intensiva (UTI).