Estilo de vida
14/08/2023 às 11:00•2 min de leitura
Resíduos de diversos tipos de produtos utilizados no dia a dia, como embalagens, roupas, calçados e pneus, os microplásticos foram encontrados no coração humano pela primeira vez. O cenário inédito foi descoberto por pesquisadores chineses, durante estudo feito com 15 pacientes submetidos a cirurgias cardíacas.
A pesquisa, cujos resultados saíram na revista Environmental Science & Technology, em julho, envolveu a coleta de amostras de tecido cardíaco dos voluntários. Provas de sangue, retiradas de metade dos participantes, tanto antes quanto depois dos procedimentos cirúrgicos, também passaram pela análise dos especialistas.
Usando imagens infravermelhas diretas a laser para avaliar todo o material, os cientistas encontraram “dezenas a milhares de pedaços individuais de microplástico na maioria das amostras de tecido”, de acordo com o artigo. As quantidades e os materiais variavam entre os pacientes.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Já em relação ao sangue, todas as amostras continham partículas de plástico. Porém, havia resíduos de tamanho menor e dos mais variados tipos de plásticos no sangue colhido após a cirurgia, sugerindo que a entrada destes materiais no organismo possa ter ocorrido durante a operação.
Nas amostras de tecido cardíaco analisadas, os pesquisadores do Hospital Anzhen de Pequim, na China, acharam nove tipos de plásticos, alguns deles presentes no organismo antes mesmo da realização da cirurgia. Eles tinham entre 20 e 500 micrômetros de largura.
Em meio a eles, foram identificados materiais como poli (metacrilato de metila), um composto orgânico comumente usado para substituir o vidro em inúmeras aplicações. Também conhecido como PMMA, esse material estava no apêndice atrial esquerdo, tecido adiposo epicárdico e tecido adiposo pericárdico.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
A pesquisa também detectou partículas de tereftalato de polietileno (PET) e cloreto de polivinila (PVC). O primeiro é uma substância bastante conhecida pela sua presença em garrafas de refrigerantes e outros tipos de bebidas e em peças de roupas, enquanto o segundo tem grande difusão na construção civil e na indústria da moda, entre outras áreas.
De modo geral, os microplásticos são quaisquer partículas sólidas de polímeros com tamanho inferior a 5 mm, eliminadas a partir de materiais plásticos comuns. Quase invisíveis, eles estão em praticamente todos os lugares do planeta, seja no ar, no solo ou até mesmo no fundo do mar, tornando-se um dos principais poluentes do ambiente marinho.
Estudos anteriores sugerem a existência de tais substâncias em várias outras partes do corpo, como no intestino e no cérebro. O impacto da presença dessas substâncias no organismo humano ainda não é totalmente compreendido pela ciência, mas há evidências fortes de que os efeitos sejam realmente prejudiciais.
“A detecção de microplásticos in vivo é alarmante, e mais estudos são necessários para investigar como eles entram nos tecidos cardíacos e os efeitos potenciais dos microplásticos no prognóstico de longo prazo após cirurgia cardíaca”, concluíram os autores.