Foco total: como o cérebro fica atento apesar das distrações?

Em um mundo onde notificações de celular pulam como pipoca na panela quente e a vida parece um malabarismo constante entre trabalho, preocupações e metas, a capacidade de manter o foco é um superpoder que muitos de nós desejamos ter. 

Mas como exatamente nosso cérebro se torna o herói nessa história, permanecendo imperturbável diante das tentações distrativas?

Cérebro atento

O foco é primordial para o nosso sucesso. (Fonte: GettyImage / Reprodução)

Antes de qualquer coisa, precisamos entender que nós, primatas, temos nossa atenção dividida entre exógena (ou atenção "de baixo para cima") e endógena (também chamada "de cima para baixo"). 

A atenção exógena é aquela guiada por estímulos, como, por exemplo, quando algum barulho repentino nos faz ter uma reação instantânea para nos proteger. Já a atenção endógena é aquela usada quando estamos fazendo alguma tarefa que precisa de concentração, ou seja, quando estamos buscando atingir um objetivo, uma meta.

É justamente na escolha entre esses dois modos de atenção que o estudo mostrou a influência de um fenômeno chamado "explosões beta".

Tudo ocorre a partir de um exército de neurônios no nosso córtex pré-frontal lateral (LPFC, na sigla em inglês), aquela área da nossa massa cinzenta que é o epicentro das recompensas e da motivação. 

O estudo revelou que, ao que parece, a função dessas explosões beta seria direcionar nossa atenção para tarefas com metas e objetivos mesmo quando estamos recebendo estímulos visuais e auditivos ao nosso redor. 

O que ocorre, indicam os pesquisadores, é a influência de alguns neurônios presentes no LPFC, os chamados neurônios de movimento visual (VM, em inglês), que geram uma onda de explosões beta sincronizadas antes de enfrentarmos os estímulos visuais. 

Assim, quando essas explosões estão em sintonia, nosso foco se intensifica, as distrações diminuem e nossa mente se transforma em uma sinfonia de produtividade. Mas quando a sintonia é fraca, as distrações conseguem ser mais fortes e, dessa maneira, acabam tendo maior sucesso em nos tirar do foco. 

Lutando contra as distrações

Celulares são um mar de distração. (Fonte: GettyImages / Reprodução)

Os celulares e seus aplicativos cativantes são feitos para prender nossa atenção, de modo que somos hoje praticamente escravos desse pequeno aparelho. Tente ficar um dia sem mexer nele e provavelmente você suará frio e terá crises de ansiedade. 

No entanto, temos truques na manga para combater esse feitiço. Desligar notificações quando o foco é vital, criar listas de tarefas para traçar nossa jornada produtiva e usar estratégias como pausas regulares e geradores de ruído branco ou marrom são como feitiços que lançamos para manter o monstro das distrações à distância.

Saber como funcionam os mecanismos da atenção é muito importante para fugir de estímulos que não nos ajudam, bem como saber o que está no fundo de transtornos cognitivos e psiquiátricos, desde o desafiador transtorno de déficit de atenção até a misteriosa esquizofrenia.