Ciência
28/10/2024 às 21:00•2 min de leituraAtualizado em 28/10/2024 às 21:00
O governo mexicano anunciou que instituições de ensino têm apenas seis meses para deixar de vender alimentos ultraprocessados e altamente calóricos. Em vez disso, os alunos encontrarão opções mais nutritivas, como água fresca e lanches de alimentos locais. Para Claudia Sheinbaum, presidente do país, essas mudanças são essenciais para o combate à obesidade infantil, que atinge índices alarmantes no México.
Sheinbaum destacou a importância de alternativas saudáveis, como trocar batatas fritas por legumes e refrigerante por água. Com isso, a presidente reforça a intenção do governo em transformar a alimentação nas escolas, promovendo um cardápio livre de “besteiras” e focado na saúde dos pequenos.
O México ocupa o topo dos países com maior índice de obesidade infantil, com cerca de um terço de suas crianças afetadas. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 40% das crianças mexicanas estão acima do peso. Essa situação alarmante vem mobilizando o governo, que desde 2010 implementa regulamentos para controlar a alimentação das crianças, incluindo a obrigatoriedade de selos de alerta nas embalagens com altos teores de sódio, açúcar e gorduras saturadas.
Apesar das ações, os números mostram que as medidas ainda enfrentam resistência. Organizações da sociedade civil estimam que cerca de 90% das escolas no México continuam vendendo alimentos ultraprocessados e calóricos. Além disso, uma pesquisa recente apontou que em quase todas as escolas do país — 98% delas — ainda há presença de salgadinhos, 95% oferecem bebidas açucaradas e 79% possuem refrigerantes disponíveis para os alunos.
Apesar de iniciativas anteriores terem introduzido restrições à venda e propaganda de ultraprocessados nas escolas, a adesão das instituições foi tímida. Agora, a proibição chega com um peso maior: multas severas que variam de cerca de R$ 3.100 a R$ 31.000, dobrando em caso de reincidência. Para muitas instituições, esses valores representam quase um ano de salário, o que deve motivar uma adesão mais firme às novas normas.
Se por um lado a medida é animadora, por outro ela enfrenta um grande obstáculo: a falta de água potável nas escolas. Cerca de 255 mil instituições no México não dispõem de água gratuita para os estudantes, com apenas 10.900 escolas — 4% do total — equipadas com bebedouros. Isso representa um desafio para promover o consumo de água como alternativa aos refrigerantes.
Outro ponto que ainda não foi resolvido é a venda de “besteiras” nas calçadas próximas das escolas. Em cerca de 77% das instituições, vendedores informais montam barracas com salgadinhos, doces e refrigerantes para os alunos, prática que se intensifica nos horários de recreio.
Com tantas dificuldades, o governo mexicano terá de fazer ajustes e fornecer suporte para que as escolas consigam atender às novas diretrizes. No entanto, o prazo está estabelecido, e os próximos seis meses serão decisivos para definir o sucesso da campanha contra a obesidade infantil e o futuro da alimentação nas escolas do México.