Microplásticos no cérebro podem provocar mudanças no comportamento

07/09/2023 às 12:002 min de leitura

Já falamos aqui no Mega Curioso que os impactos do acúmulo de microplásticos no oceano já podem ser observados de várias formas, afetando o desenvolvimento das cianobactérias, e possivelmente de nós, seres humanos, dada a detecção dessas partículas extremamente pequenas no pulmão e no coração humano.

Para quem se pergunta que tipo de dano os microplásticos podem gerar no cérebro, um estudo inovador publicado no International Journal of Molecular Sciences trouxe dados alarmantes ao mostrar o impacto percebido em camundongos.

Presença de microplástico no cérebro de camundongos gerou mudança de comportamento. (Fonte: Getty Images/Reprodução)Presença de microplástico no cérebro de camundongos gerou mudança de comportamento. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Efeitos da absorção de microplásticos no organismo

O estudo teve como proposta avaliar quais seriam os danos identificados em um grupo camundongos a partir da exposição a microplásticos. Enquanto em organismos marinhos essas partículas são associadas à redução da viabilidade celular, em camundongos, tanto nos mais jovens, quanto nos de idade mais avançada, os efeitos já foram percebidos no curto prazo. 

Os animais foram avaliados durante três semanas. E assim como já era esperado, as partículas, que foram administradas por meio de água potável, começaram a se acumular no interior dos órgãos dos animais.

Pesquisadores relataram no estudo que os roedores apresentaram sinais de inflamação em tecidos do fígado. Mas além de avançar pelos sistemas excretor e digestivo, nos rins e intestino, os microplásticos conseguiram ir além, chegando ao cérebro deles. Em suma, essas partículas invadiram todos os sistemas do organismo.

E uma vez no cérebro, o microplástico ainda provocou mudanças no comportamento — algo que foi, inclusive, observado com uma maior intensidade nos animais mais velhos. Essa alteração se assemelhou ao que ocorre em casos de demência em humanos, apesar da dose de microplásticos empregada ter sido baixa.

Estudo aponta que microplástico se acumula em todos os sistemas do organismo de camundongos, mesmo no curto prazo. (Fonte: Getty Images/Reprodução)Estudo aponta que microplástico se acumula em todos os sistemas do organismo de camundongos, mesmo no curto prazo. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Danos do microplástico ao cérebro de camundongos

Inclusive, o estudo identificou que a presença dessas partículas pode provocar a redução da proteína ácida fibrilar glial (GFAP). Trata-se de uma proteína associada a vários processos celulares, e a sua redução já tem sido ligada ao desenvolvimento de doenças, como o Alzheimer e a depressão.

Para Jaime Ross, que é professora da Universidade de Rhode Island e participou da pesquisa, essas descobertas fazem com que surjam novos questionamentos acerca do desdobramento desses efeitos que foram observados: "você fica mais suscetível à inflamação sistêmica causada por esses microplásticos à medida que envelhece? Seu corpo pode se livrar deles com a mesma facilidade? Suas células respondem de maneira diferente a essas toxinas?".

Considerando que os efeitos em mamíferos ainda não são inteiramente conhecidos, o estudo representa um avanço importante para auxiliar na compreensão acerca dos possíveis malefícios aos seres humanos. Para ter uma melhor dimensão de como essa dinâmica se dá, no entanto, ainda será necessário conduzir outros estudos.

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