Artes/cultura
24/10/2023 às 04:30•2 min de leitura
Desde o início da pandemia da covid-19, médicos e pesquisadores de todo o mundo têm observado um fenômeno intrigante: alguns pacientes continuam a sofrer sintomas persistentes da doença mesmo após a recuperação inicial da infecção aguda. Essa condição é comumente chamada de covid longa, ou síndrome pós-covid, e tem sido objeto de pesquisa em busca de respostas para seus mistérios.
Recentemente, um estudo publicado na revista Cell apresentou uma teoria intrigante relacionando os sintomas prolongados com os baixos níveis de serotonina. Esta descoberta pode ter implicações significativas na compreensão e tratamento da covid longa.
A covid longa é caracterizada por sintomas que persistem por 3 meses ou mais após a infecção aguda. Esses sintomas são bastante variados, incluindo fadiga extrema, confusão mental, dores de cabeça, dificuldade respiratória, depressão, ansiedade, diarreia, perda de olfato e paladar, dores nas articulações, entre outros. Esse quadro tem intrigado a comunidade médica que segue em busca de possíveis abordagens terapêuticas.
A covid longa apresenta sintomas bastante variados. (Fonte: Getty Images)
No estudo, os pesquisadores analisaram pacientes com sintomas prolongados da covid, indivíduos assintomáticos após a infecção e aqueles recém-infectados. Eles identificaram níveis reduzidos de serotonina circulante em pacientes com covid aguda e longa, um fator que se revelou um indicador dos sintomas persistentes.
Níveis baixos de serotonina podem ter relação com a covid longa. (Fonte: Getty Images)
Esse declínio na serotonina estava associado a uma resposta inflamatória similar à desencadeada por infecções virais. Além disso, pacientes com covid longa mostraram níveis elevados de interferons, proteínas vinculadas à reação inflamatória, e em alguns casos, o vírus ainda estava presente no trato gastrointestinal. Essas descobertas lançam luz sobre os mecanismos subjacentes à covid longa.
A inflamação induzida pelos interferons parece afetar a absorção do triptofano, um aminoácido crucial na síntese da serotonina. Isso resulta na redução dos níveis de serotonina, prejudicando a sinalização do nervo vago, que desempenha um papel fundamental na comunicação entre o cérebro, o coração e o sistema digestivo.
Assim, os pesquisadores sugerem que a restauração dos níveis de serotonina poderia ser uma abordagem terapêutica potencial para tratar os sintomas prolongados da covid. No entanto, qualquer tratamento deve ser testado em ensaios clínicos antes de ser amplamente adotado.
Aumentar os níveis de serotonina pode ser a solução. (Fonte: Getty Images)
Essa pesquisa tem o potencial de definir tratamentos inovadores para a covid longa, melhorando a qualidade de vida dos pacientes que sofrem com sintomas persistentes. No entanto, é importante ressaltar que mais estudos são necessários, e quaisquer abordagens terapêuticas devem passar por ensaios clínicos rigorosos para garantir sua eficácia e segurança.
À medida que continuamos a aprender mais sobre a covid-19, nossa capacidade de entender e tratar a covid longa avança, oferecendo esperança para aqueles que vivenciam essa condição desafiadora.