Como o ciclo menstrual afeta o funcionamento e a estrutura do cérebro?

01/11/2023 às 10:002 min de leitura

O ciclo menstrual é um fenômeno complexo que envolve flutuações hormonais regulares e afeta não apenas o sistema reprodutivo, mas também outros aspectos do corpo. Recentemente, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (UCSB), realizaram um estudo pioneiro que examina a relação entre o ciclo menstrual e as mudanças na estrutura cerebral

O estudo da UCSB e suas participantes

(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

O estudo da UCSB envolveu 30 mulheres com ciclos menstruais regulares que não estavam usando anticoncepcionais hormonais. Os pesquisadores coletaram imagens do cérebro dessas mulheres em três momentos dos seus ciclos menstruais: durante a menstruação, na ovulação e na fase lútea intermediária, que precede a menstruação. As medições incluíram o volume cerebral e dois tipos diferentes de tecido cerebral: substância cinzenta e substância branca.

Flutuações hormonais e suas correlações cerebrais

(Fonte: Getty Images/Reprodução)(Fonte: Getty Images/Reprodução)

Os pesquisadores também monitoraram as flutuações hormonais em quatro hormônios-chave ao longo do ciclo menstrual: estradiol, progesterona, hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-estimulante (FSH). Esses hormônios apresentam picos em diferentes fases do ciclo menstrual.

Impacto sobre o volume cerebral e o líquido cefalorraquidiano

(Fonte: Getty Images/Reprodução)(Fonte: Getty Images/Reprodução)

Os resultados do estudo revelaram correlações intrigantes entre os níveis desses hormônios e as características da estrutura cerebral. Por exemplo, a concentração de estradiol e LH mostrou associação com a eficiência da difusão da água na substância branca do cérebro.

Isso sugere mudanças na "microestrutura" da substância branca que podem influenciar a conectividade cerebral. Além disso, a concentração de FSH estava correlacionada com a espessura cortical, afetando a substância cinzenta do córtex.

(Fonte: Getty Images/Reprodução(Fonte: Getty Images/Reprodução

No entanto, vale ressaltar que o volume geral do cérebro permaneceu inalterado. Aumentos na progesterona, por outro lado, estiveram associados ao aumento do volume do tecido cerebral, mas à diminuição do líquido cefalorraquidiano, um líquido que envolve o cérebro e o protege.

O estudo da UCSB fornece percepções fascinantes sobre a relação entre o ciclo menstrual e a estrutura cerebral. Embora as implicações precisas dessas mudanças ainda não sejam totalmente compreendidas, a pesquisa destaca a importância de explorar mais profundamente como o ciclo menstrual pode influenciar a função cerebral.

Isso também sublinha a necessidade de estudos adicionais que possam investigar como essas alterações podem afetar a saúde mental ao longo do ciclo e mensurar o risco de doenças cerebrais, como a doença de Alzheimer. À medida que mais pesquisas são realizadas nessa área, a comunidade médica pode estar melhor preparada para integrar essas descobertas nos cuidados de saúde, reconhecendo a importância das flutuações hormonais na vida cotidiana das mulheres

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