Ciência
24/11/2023 às 11:00•2 min de leitura
A necessidade de cozinhar bem os alimentos e manuseá-los de acordo com as melhores práticas de higiene são fundamentais para evitar a ocorrência de uma série de doenças. Essas ações, recorrentes no nosso dia a dia, também devem se estender ao servir alimentos aos cachorros, conclui um estudo.
Em busca de motivos que explicariam a presença da bactéria Escherichia coli nas fezes dos cães, pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, descobriram que essa recorrência estava associada ao consumo de carne crua. O estudo que explorou os riscos envolvendo esse tipo de contaminação foi publicado na revista One Health.
Pesquisadores descobriram forte associação entre consumo de carne crua e a presença de uma bactéria resistente a antibiótico nas fezes de cães. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Embora a Escherichia coli possa permanecer no intestino humano sem provocar infecção, ela é associada a uma série de complicações, como diarreia, intoxicação alimentar e até mesmo infecção urinária e da corrente sanguínea. E pior: ela ainda apresenta resistência a antibióticos, incluindo a ciprofloxacina, comumente receitada para o tratamento de infecções.
Ao analisar a excreção dessa bactéria em cães, em particular, pesquisadores constataram a presença dessa da E. Coli resistente à ciprofloxacina nas fezes de 7,3% dos cães situados em zonas rurais e 11,8% dos cães que viviam nas áreas urbanas.
Ao considerar que os animais podem, acidentalmente, serem uma porta de entrada para essa bactéria, fica fácil entender a dimensão do problema que temos, dado que os alimentos dos animais também passam pelas nossas mãos. Isso num contexto em que a carne crua, comumente usada na refeição dos cães, está contaminada.
Para chegar a essa conclusão, foram analisadas as amostras fecais de 600 cães saudáveis, sendo 303 rurais e 297 que viviam em cidades. Além de dados sobre a dieta, ambientes que eles frequentam e uso de medicações também foram avaliados.
Mais de 600 cães foram analisados em estudo. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Ao explorar fatores de risco, é importante lembrar que o elevado uso de antibióticos contribui para que as bactérias desenvolvam resistência. Por outro lado, elas ainda podem, eventualmente, passar por mutações que as tornem mais agressivas ao organismo.
E na busca por promover uma dieta saudável aos cães, muitos tutores recorrem à carne crua por ser uma fonte de alimento altamente proteica e livre de conservantes e compostos industrializados.
No entanto, uma vez que muitos patógenos podem estar presentes na carne crua servida, o estudo destaca a necessidade de redobrar os cuidados ao servir esse alimento. Para aqueles que pensam em reavaliar a dieta, é fundamental fazê-lo sempre com auxílio especializado, afinal, os alimentos não devem oferecer riscos aos pets.
Uma vez que tenha sido liberado o consumo de carne cozida para o cachorro, o próprio processo de preparo, que mantém os alimentos em temperaturas altas, é o suficiente para eliminar os patógenos que oferecem risco à saúde dos humanos e dos animais. Mas ainda assim, é essencial se atentar ao manuseio, lavando as mãos antes e depois de ter contato com os alimentos.