Artes/cultura
15/01/2024 às 10:00•2 min de leitura
Pesquisadores do Baker Heart and Diabetes Institute, de Melbourne na Austrália, divulgaram recentemente uma descoberta que pode representar um alento para milhões de diabéticos que necessitam de múltiplas injeções diárias ou de uma bomba insulina para controlar a sua doença.
O novo estudo, publicado na Signal Transduction and Targeted Therapy, demonstra como células produtoras de insulina podem ser regeneradas diretamente no pâncreas. Para isso, os autores usaram dois inibidores da enzima EZH2 liberados pela FDA — GSK126 e Tazemetostat — para estimular a regeneração das células beta, a partir de células progenitoras ductais pancreáticas, que executam essa restauração tecidual do órgão.
Os cientistas descobriram que esses dois pequenos inibidores de moléculas podem ajudar as células do pâncreas de pessoas jovens e adultas com diabetes tipo 1 (DM1) a se transformarem em células parecidas com as que produzem insulina. Isso é feito por meio de mudanças no material genético que permite que elas incorporem novas funções.
(Fonte: Keith Al-Hasani et al.)
A capacidade natural das células progenitoras ductais pancreáticas para regenerar células beta na DM1 já era conhecida dos cientistas. No entanto, a forma usual de desligar genes não funciona na resposta das células exócrinas existentes no pâncreas. Além disso, a EZH2 faz uma espécie de "censura repressiva" na capacidade de regeneração dessas células.
Para driblar os freios da EZH2, a equipe usou o GSK126 e o Tazemetostat, originalmente aprovados pela agência reguladora de medicamentos dos EUA para tratamentos de câncer. Com isso, permitiram que as células ductais progenitoras desenvolvessem funções semelhantes às das células beta, fundamentais na regulação dos níveis de glicose no sangue.
No artigo, os pesquisadores explicam que o direcionamento da EZH2 foi fundamental para liberar o potencial regenerativo das células beta. E concluem: "Células ductais pancreáticas reprogramadas exibem produção e secreção de insulina em resposta a um desafio fisiológico de glicose ex vivo [fora do organismo]".
(Fonte: Getty Images)
Em um comunicado, os autores dizem que seu trabalho foi motivado pela morte dos indivíduos doares das amostras de tecido: um jovem (7 anos de idade e 1 mês de duração do diabetes) com DM1 recém-diagnosticado, um DM1 adulto de longo prazo (61 anos de idade e 33 anos de duração do diabetes) e um saudável não-diabético,
Os testes realizados pela equipe revelaram o mesmo tipo de reação em todas as amostras de tecido, sugerindo que o mecanismo descoberto pode funcionar através das gerações. E o que é mais promissor foi que bastaram apenas 48 horas de estimulação para que a produção de insulina funcionasse normalmente.
As novas células produzidas são capazes não só de detectar os níveis de glicose como também ajustar a produção de insulina em conformidade, da mesma maneira que as células beta fazem, quando não são destruídas por engano pelo sistema imunológico no DM!.