Estilo de vida
02/02/2024 às 12:00•2 min de leitura
Um recente pesquisada da Universidade de Stanford, liderada pelo biólogo Andrew Fire e seu estudante de pós-graduação Ivan Zheludev, identificou uma nova classe de entidades semelhantes a vírus, denominados "obeliscos" presentes no intestino e na boca humanos. Publicado em 21 de janeiro no banco de dados de pré-impressão bioRxiv, o estudo revela dados inovadores que desafiam a visão convencional de que microrganismos semelhantes a vírus, normalmente associados a plantas, estão restritos a esse reino.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
A escolha estratégica de analisar amostras do intestino e da boca permitiu aos cientistas explorar a diversidade microbiana nessas regiões-chave. Com o uso de técnicas avançadas de sequenciamento genético para examinar os metatranscriptomas, os pesquisadores conseguiram evidenciar a expressão genética ativa.
Os resultados revelaram mais de 29 mil exemplares desses organismos, presentes em aproximadamente 7% dos metatranscriptomas das fezes humanas e em cerca de 53% dos metatranscriptomas bucais examinados. A equipe de pesquisadores nomeou essas entidades como "obeliscos" devido à sua estrutura tridimensional, que se assemelha a uma haste fina, destacando-se como uma característica distintiva.
Essa descoberta não apenas desafia as expectativas anteriores associadas a esses microrganismos, mas também destaca sua capacidade única de adaptação a diferentes ambientes dentro do corpo humano. Esses achados proporcionam percepções valiosas sobre a complexidade do corpo humano, alimentando novas direções de pesquisa na compreensão das interações microbianas.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
A equipe conseguiu identificar Streptococcus sanguinis, uma bactéria bucal comum, como hospedeiro confirmado para os "obeliscos". Embora outros hospedeiros ainda não tenham sido confirmados, a complexidade desses microrganismos, com instruções para enzimas de replicação, destaca sua singularidade no reino dos organismos semelhantes a vírus. O estudo sugere que pelo menos uma fração pode estar relacionada a bactérias.
Enquanto o impacto dos "obeliscos" na saúde humana permanece desconhecido, a capacidade de influenciar a atividade genética no microbioma humano é evidente. Sua presença em diferentes partes do corpo sugere uma diversidade surpreendente desses microrganismos, cada um com sequências genéticas distintas.
A pesquisa ainda levanta questões sobre a possível evolução dos vírus a partir de microrganismos semelhantes a vírus e "obeliscos" mais complexos, ou se esses microrganismos surgiram primeiro, evoluindo para formas mais simples ao longo do tempo.
A descoberta dos "obeliscos" no intestino e na boca dos humanos destaca a complexidade ainda não explorada do microbioma humano. Enquanto os cientistas desvendam esses microrganismos semelhantes a vírus, surgem novas questões sobre sua influência na saúde humana e seu papel na evolução viral. A pesquisa liderada pela equipe da Universidade de Stanford continua a abrir portas para compreender a intricada teia de interações microbianas que moldam nosso corpo e desafia as fronteiras do conhecimento científico.