13% dos diagnósticos de demência podem estar errados

25/07/2024 às 09:002 min de leituraAtualizado em 25/07/2024 às 09:00

A demência, que se caracteriza pelo declínio cognitivo gradual, é uma das questões de saúde que mais atingem as pessoas à medida que elas envelhecem. Registra-se cerca de 10 milhões de novos casos de demência a cada ano.

No entanto, um novo estudo publicado por pesquisadores dos Estados Unidos sugere que até 13% das pessoas diagnosticadas com demência podem estar com um diagnóstico errado, o que dificulta enormemente o seu tratamento.

Diagnóstico equivocado

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A encefalopatia hepática afeta 40% dos pacientes com cirrose. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

O estudo feito por pesquisadores da Universidade Virginia Commonwealth indica que muitas pessoas podem estar, na verdade, com encefalopatia hepática, um comprometimento cognitivo causado por insuficiência hepática e que afeta mais de 40% dos pacientes com cirrose, entre outras enfermidades. Entretanto, é difícil de distinguir os sintomas dessa doença dos apresentados em casos de demência.

"Os profissionais de saúde precisam estar cientes dessa potencial sobreposição entre demência e encefalopatia hepática, que é tratável", afira o hepatologista Jasmohan Bajaj, um dos autores da pesquisa. 

Em outras palavras, muitas pessoas podem estar com o diagnóstico de demência, que é incurável, mas poderiam estar tratando sua condição e desfrutando de uma qualidade de vida muito maior.

O que é a encefalopatia hepática?

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A encefalopatia hepática costuma ocorrer em pessoas com doença hepática crônica. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

A encefalopatia hepática geralmente ocorre em pessoas com doença hepática crônica, como cirrose ou hepatite. Acontece que o fígado serve para regular os níveis da maioria dos produtos químicos em nossos corpos, atuando em questões como a filtragem do sangue e a digestão.

Quando o fígado começa a ser danificado (por questões como o vírus da hepatite, colesterol alto, obesidade e cirrose), a pessoa pode passar a apresentar sintomas de confusão mental. Só que, caso a encefalopatia hepática for diagnosticada cedo e o tratamento for eficiente, os danos podem ser revertidos.

O que se observou, segundo os pesquisadores, é que pelo menos dois pacientes que haviam sido diagnosticados com demência tiveram seu quadro (que incluía perda de memória, quedas, tremores e alucinações) resolvido após o tratamento para a encefalopatia.

Na pesquisa realizada pela equipe de Jasmohan Bajaj, foram revisados os registros médicos de 177.422 veteranos dos Estados Unidos que haviam sido diagnosticados com demência entre 2009 e 2019. O que foi observado é que nenhum deles tinha sido diagnosticado com doença hepática, mas a equipe verificou que mais de 10% tinham altos níveis de fibrose 4 (FIB-4), o que sugere probabilidade para a cirrose.

"As prevalências e determinantes de um FIB-4 alto são impressionantes. Embora não tenhamos estudado os fatores específicos por trás dessas disparidades, a falta de acesso à terapia ou aos cuidados médicos tanto no cuidado da demência quanto no cuidado da comorbidade pode contribuir", afirmou a equipe.

Isso pode indicar a necessidade de novas averiguações de muitos casos de demência, que podem ser falsos. "Esta importante ligação entre a demência e a saúde do fígado enfatiza a importância de rastrear os pacientes em busca de contribuintes potencialmente tratáveis para o declínio cognitivo", finaliza Bajaj.

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