Ciência
16/07/2024 às 16:00•2 min de leituraAtualizado em 21/09/2024 às 09:27
Um estudo brasileiro, que foi publicado recentemente na revista científica Nature Microbiology, sugere uma possível associação entre o autismo e as alterações no microbioma intestinal de crianças. A hipótese é que haja diferenças no grupo de microrganismos presentes na microbiota de crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e de crianças neurotípicas.
A pesquisa sugere que isso pode ter alguma relação com o transtorno. No entanto, é importante ressaltar que ela não elimina a possibilidade de que haja outras explicações possíveis para as alterações constatadas, o que será verificado na continuidade dos estudos.
O estudo, conduzido pelo neurocientista Fabiano de Abreu Agrela no CPAH - Centro de Pesquisas e Análises Heráclito, parte de um artigo anterior publicado por ele e que já identificava uma associação entre autismo e as alterações intestinais.
“As dores de barriga são um sintoma comum em pessoas com autismo, afetando até 70% da população autista. A constipação é o problema gastrointestinal mais prevalente em pessoas com autismo, presente em cerca de 40% dos casos. Outros problemas comuns incluem diarreia, refluxo gastroesofágico e sensibilidade alimentar”, afirma Agrela no estudo.
Segundo o artigo, os pesquisadores continuam investigando mais sobre esta relação, apontando que talvez seja possível que as causas abranjam desde problemas gastrointestinais até dificuldades de comunicação e sensibilidade sensorial.
Agrela ainda afirma que existem várias hipóteses sobre a relação entre TEA e alterações intestinais. “Estudos complementares devem ser feitos para definir com mais clareza as causas dessa possível relação, mas nosso estudo inicial já aponta algumas hipóteses que podem explicar a correlação”, pontua.
Dentre elas, estão as dificuldades de comunicação das necessidades fisiológicas, o que poderia levar à constipação ou à incontinência fecal, mas também a comorbidades associadas ao autismo, como ansiedade e depressão, que poderiam contribuir com problemas no trato gastrointestinal.
Ainda que o tema ainda esteja sob análise, o neurocientista ressalta que é importante que as pessoas com autismo sejam encaminhadas a médicos especializados caso apresentem problemas frequentes, como dores abdominais, constipação e incontinência fecal.
Vários tratamentos poderão ser sugeridos pelos médicos, o que pode incluir o uso de medicamentos, a fisioterapia para fortalecer os músculos do assoalho pélvico, e até a terapia ocupacional para melhorar habilidades de comunicação e autocuidado. Alterações na dieta também podem ser recomendadas para minimizar os problemas.