Artes/cultura
08/03/2024 às 16:00•2 min de leituraAtualizado em 08/03/2024 às 16:00
Contrariando as recomendações médicas, um homem tomou 217 doses da vacina contra covid-19 ao longo de dois anos e cinco meses, na Alemanha. Apesar do exagero, ele está bem e apresenta proteção reforçada contra a doença causada pelo coronavírus, conforme estudo publicado na revista The Lancet Infectious Diseases, na segunda-feira (4).
As primeiras notícias sobre a hipervacinação surgiram em 2022, na imprensa alemã, dando conta de que um morador de Magdeburg havia sido vacinado 90 vezes até então. O caso inusitado chamou a atenção de pesquisadores da Universidade de Erlangen-Nuremberg (FAU), que decidiram acompanhá-lo.
A vacinação repetitiva contra a covid-19 também despertou a curiosidade das autoridades alemãs. O promotor público de Magdeburg chegou a investigar o caso e descobriu provas de pelo menos 130 doses administradas no paciente, mas optou por não abrir processo para verificar uma suposta fraude no sistema de saúde da Alemanha.
O homem de 62 anos, cuja identidade não foi revelada, concordou em participar de um estudo para verificar seu estado de saúde. A equipe teve acesso a amostras de sangue e saliva para comparação com os exames de outros voluntários recrutados.
Conforme os pesquisadores da FAU explicaram, algumas células de defesa do organismo ficam fatigadas quando expostas com frequência a um antígeno, como o presente na fórmula da vacina, enfraquecendo a resposta imune. É o que acontece em pacientes com HIV ou hepatite B, por exemplo.
Porém, isso não ocorreu com o homem vacinado 217 vezes contra covid-19. Segundo os autores, o sistema imunológico dele está operando normalmente, como o de uma pessoa que seguiu o esquema de vacinação convencional, além de apresentar resposta imune superior à dos pacientes com três doses do imunizante.
Também foram detectados níveis elevados de anticorpos contra o Sars-CoV-2 e uma alta presença das células T de defesa. Outro detalhe revelado é que o alemão não sofreu efeitos colaterais adversos mesmo com o número de doses em excesso durante um período de 29 meses.
Embora os resultados da pesquisa tenham mostrado que a administração de doses sucessivas não causaram problemas ao paciente, os autores afirmam se tratar de um “caso isolado” e que poderia terminar de forma diferente. Por isso, a hipervacinação não é recomendada.
Para eles, o esquema de vacinação padrão recomendado pelas autoridades de saúde é o suficiente para garantir a imunidade contra a covid-19, atualmente. “Vacinas além disso não são indicadas”, escreveram os cientistas, no artigo.
O estudo descobriu que o homem recebeu oito fórmulas diferentes de imunizantes, incluindo as doses de reforço atualizadas. Ele teria pago por todas as 217 injeções e não revelou os motivos que o levaram a se vacinar excessivamente, citando apenas “razões pessoais”.