Homens e mulheres sentem dor de maneiras diferentes, diz a ciência

25/06/2024 às 18:002 min de leituraAtualizado em 25/06/2024 às 18:00

Quando se trata de dor, homens e mulheres frequentemente relatam experiências diferentes, e agora a ciência tem uma explicação para isso. Um estudo conduzido por uma equipe de pesquisadores da Universidade do Arizona, liderada pelo Dr. Frank Porreca, revelou que os receptores de dor em homens e mulheres respondem a diferentes moléculas. Essa descoberta, publicada na prestigiada revista Brain, marca um avanço significativo na compreensão da neurobiologia da dor.

Diferenças nos nociceptores e hormônios

A prolactina sensibiliza os nociceptores em mulheres. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
A prolactina sensibiliza os nociceptores em mulheres. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

A equipe de pesquisas conduziu experimentos detalhados utilizando neurônios cultivados in vitro a partir de doadores de órgãos humanos e animais. Foram utilizadas amostras de macacos, humanos e camundongos.

Segundo os pesquisadores, os nociceptores, células nervosas especializadas na detecção da dor, são diferentes entre os sexos. Em mulheres, o hormônio prolactina, conhecida por seu papel na lactação, também sensibiliza os neurônios do gânglio da raiz dorsal, amplificando a dor. Em contraste, em homens, o neurotransmissor orexina B, envolvido na regulação do sono, desempenha um papel similar.

Esses hormônios alteram os limiares de ativação dos nociceptores. Em outras palavras, eles diminuem a intensidade do estímulo necessária para que esses receptores enviem sinais de dor ao cérebro. Isso faz com que estímulos de baixa intensidade, que normalmente não causariam dor significativa, sejam percebidos de maneira muito mais dolorosa. Essa diferenciação foi observada não apenas nos roedores, mas também em primatas e humanos, confirmando a universalidade da descoberta.

Implicações para o tratamento da dor

A orexina B sensibiliza os nociceptores em homens. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
A orexina B sensibiliza os nociceptores em homens. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Até recentemente, a suposição era que a dor funcionava de maneira semelhante em todos, independentemente do sexo. No entanto, essa pesquisa indica que a medicina de precisão, que leva em consideração o sexo do paciente, pode melhorar significativamente os resultados do tratamento da dor. Medicamentos que bloqueiam a sensibilização dos nociceptores por prolactina podem ser eficazes em mulheres, enquanto aqueles que inibem a orexina B podem beneficiar os homens.

Os pesquisadores destacam a importância de equilibrar a participação de homens e mulheres em ensaios clínicos. Proporções desiguais podem levar a resultados enviesados, não representativos da eficácia do tratamento para ambos os sexos. Ensaios clínicos futuros devem considerar as diferenças sexuais na percepção da dor para desenvolver tratamentos mais eficazes e específicos.

O trabalho do Dr. Porreca e sua equipe abre novas áreas de pesquisa. A descoberta de um anticorpo contra a prolactina representa um passo promissor para o tratamento da dor em mulheres. Da mesma forma, antagonistas de orexina, já aprovados para distúrbios do sono, podem ser reavaliados para tratar a dor em homens. A equipe de pesquisa continua a explorar outros mecanismos de dor sexualmente dimórficos, com a esperança de desenvolver tratamentos mais personalizados e eficazes.

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