Musgo craniano era usado como remédio por médicos medievais

15/08/2024 às 08:002 min de leituraAtualizado em 15/08/2024 às 08:00

A usnea, também conhecida como líquen de barba, é um grupo de musgos verde-acinzentados e pálidos que gostam de crescer em absolutamente qualquer tipo de coisa, desde cascas e galhos até lápides e crânios de pessoas falecidas. Mas o mais curiosos de tudo é que, no final da Idade Média, todo tipo de musgo que crescia no crânio de um cadáver era essencialmente valioso.

Inclusive, médicos daquela época receitavam esse tipo de musgo para o tratamento de uma série de enfermidades e a natureza da morte do dono do crânio era considerada como ditadora da potência do suposto "remédio".

Uso de crânios na medicina

Crânios eram propositalmente colocados em lugares úmidos para desenvolver musgos. (Fonte: Getty Images)
Crânios eram propositalmente colocados em lugares úmidos para desenvolver musgos. (Fonte: Getty Images)

A usnea é um tipo de líquen que pode crescer em um crânio se ele for abandonado em um ambiente frio e úmido, como o Reino Unido. Na Idade Medieval, diversas batalhas renderam múltiplas cabeças derramadas pelo solo britânico, o que também era perfeito para que esses crânios virassem uma fonte preciosa do musgo.

Registros escritos indicam que o uso dessa substância para fins médicos surgiu em 1493 pelas mãos do médico suíço Philippus Aureolus von Hohenheim. Em 1590, outras obras já mostravam o musgo craniano sendo cultivado por alguns especialistas. De acordo com os relatos, as pessoas deixavam os crânios em locais propositalmente úmidos para cultivar o musgo. 

Para os povos medievais, a cabeça era uma parte do corpo com maior interesse, especialmente em casos de pessoas estranguladas ou enforcadas, pois se acreditava que isso espremia a força vital para dentro da cabeça — beneficiando os ossos do crânio. Sendo assim, o musgo absorveria essa fonte vital e poderia ser usada para criar medicamentos que salvariam pessoas.

Consumo de musgo

Povos medievais acreditavam que musgo craniano transmitia vitalidade dos mortos. (Fonte: Getty Images)
Povos medievais acreditavam que musgo craniano transmitia vitalidade dos mortos. (Fonte: Getty Images)

Na Idade Média em Londres, era comum que vitrines exibissem crânios adornados com musgo. Isso era visto como um símbolo de riqueza e status. Os consumidores pegavam esses crânios e raspavam para obter o líquen "medicinal". Então, a substância era moída e usada para promover a cicatrização de feridas, tratar coqueluche e controlar epilepsia.

O musgo craniano também era o ingrediente principal da chamada "pomada para armas". A prática envolvia curar ferimentos aplicando um tratamento à arma que o infligiu em vez de tratar diretamente a ferida aberta. “A arma podia estar localizada muito longe do ferido e, às vezes, podia até ser diferente daquela que causou o ferimento, desde que tivesse formato semelhante; podia até ser uma pedra, um pedaço de pau ou um punhal”, escreveu o pesquisador Paolo Modenesi em uma obra sobre musgos cranianos. 

Obviamente, avanços tecnológicos comprovaram que tais práticas não possuíam qualquer eficácia no tratamento de qualquer problema médico e acabou desaparecendo com o tempo. Portanto, você deve agradecer à ciência por não ter que consumir musgo de um crânio nos dias de hoje. 

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