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10/11/2017 às 11:22•2 min de leitura
Caso você seja fã de astronomia, então deve saber que, quando uma estrela chega ao fim de sua vida, isto é, quando ela consome todo o seu combustível e seu núcleo entra em colapso, esse evento é marcado por uma explosão chamada “supernova”. Até onde se sabe, a onda de choque gerada pela erupção geralmente se dissipa após, em média, 100 dias e consiste em um processo irreversível que, tipicamente, tem como resultado o surgimento de novos corpos celestes, como buracos negros e estrelas de nêutrons, por exemplo.
Só que descobriram um astro curioso que desafia esse modelo. Tudo começou em 2014, quando astrônomos do Observatório Las Cumbres, na Califórnia, observaram uma supernova que foi batizada por eles como iPTF14hls. Na época, eles classificaram a explosão como sendo uma supernova do tipo II-P e, conforme esperado, após alguns dias, a erupção começou a se dissipar — até que, em 2015, os cientistas notaram que a estrela parecia estar entrando em atividade novamente.
Surpresos com o que estava acontecendo, os astrônomos confirmaram que se tratava de uma supernova mesmo — depois de analisar aspectos como a velocidade e composição química do material expelido durante a explosão — e decidiram vasculhar antigos arquivos em busca de mais dados sobre o astro.
(Extreme Tech)
Os cientistas descobriram que havia registros sobre a explosão da mesma estrela de 1954, o que significa que ela, aparentemente, sobreviveu ao primeiro evento e, 60 anos depois, passou pelo processo outra vez e sobreviveu novamente! Aliás, ao longo de um período de 600 dias, os astrônomos observaram o brilho do astro oscilar diversas vezes — e esse comportamento desafia completamente o entendimento que se tem sobre esses eventos estelares.
Os astrônomos deram à estrela o apelido carinhoso de zumbi e conduziram uma série de cálculos com base nas informações que eles reuniram. Os cientistas concluíram que, originalmente, o astro era — pelo menos — 50 vezes mais massivo do que o nosso Sol, e explicaram que sua “primeira morte” consiste na maior supernova já observada.
(International Business Times)
Obviamente, o curioso comportamento despertou o interesse da comunidade científica e, entre as teorias que surgiram para explicar o fenômeno, está a de que ele pode representar o primeiro caso já observado pela Ciência de “supernova impostora” — que consiste em um evento no qual a explosão estelar não destrói o astro completamente.
Segundo os modelos atuais, esse tipo de supernova pode acontecer com estrelas com massas entre 95 e 130 vezes superiores à do Sol, e quando a explosão ocorre, as camadas mais externas da estrela são expelidas e ela perde entre 10 e 25 massas solares. Ainda segundo os modelos, as explosões continuam acontecendo até que a estrela finalmente entra em colapso e dá origem a um buraco negro. Só que existe um problema: teoricamente, esse tipo de fenômeno apenas poderia ser observado nos primeiros estágios do Universo — e não agora.
Conforme explicaram os astrônomos, caso essa seja a explicação correta para o fenômeno observado, a descoberta seria equivalente a nos depararmos com um dinossauro vivo nos dias atuais. E existe outra questão problemática com a coisa toda: os cientistas detectaram grandes quantidades de hidrogênio nos arredores da explosão, e esse elemento não deveria estar presente caso se tratasse de uma supernova impostora.
(Science Blogs)
O fato é que os astrônomos ainda não conseguiram explicar o que, exatamente, está acontecendo — se o fenômeno realmente consiste em uma supernova impostara muito esquisita ou se eles se depararam com algo jamais observado anteriormente. O time continuará acompanhando o comportamento da estrela e, quem sabe, encontre uma resposta para esse intrigante mistério.