Ciência
13/11/2017 às 15:45•3 min de leitura
“Por acaso”: foi assim que surgiu o forno de micro-ondas. A descoberta e invenção do engenheiro Percy LeBaron Spencer aconteceu em 1945, nos laboratórios da Raytheon Corporation, enquanto realizava pesquisa sobre radares na época da 2ª Guerra Mundial. Percy utilizava magnetrons, tubos de vácuo que produzem radiação de micro-ondas, e durante os experimentos ele percebeu que uma barrinha de doce no seu bolso havia derretido.
Após isso, o engenheiro colocou milho de pipoca e depois ovo próximo do tubo de vácuo, que produzia as micro-ondas, para ver a reação – tanto a pipoca quanto o ovo estouraram após um tempo. Assim, ele percebeu que as micro-ondas cozinhariam alimentos mais rapidamente que os fornos convencionais que cozinham com calor.
Primeiro micro-ondas comercializável
O primeiro forno de micro-ondas comercial foi produzido pela Raytheon, em 1954, mas era caro e muito grande. Foi somente em 1967 que o primeiro micro-ondas doméstico começou a ser comercializado. As vendas foram muito lentas durante os primeiros anos, devido ao preço alto do forno. Porém, no final de 1971 o preço das unidades de bancada começou a diminuir e suas capacidades foram expandidas.
Abaixo, o professor Baltus Bonse, do departamento de Engenharia de Materiais do Centro Universitário FEI, esclarece alguns mitos e verdades sobre um dos aparelhos domésticos mais populares no mundo!
De acordo com o professor, as micro-ondas são uma forma de radiação eletromagnética, como o infravermelho e as ondas de rádio. “Elas ricocheteiam nas paredes internas do forno, que são de metal, atravessam papel, vidro e plástico, mas são absorvidas pelos alimentos, mais especificamente pela água do alimento. Esta absorção faz com que as moléculas oscilem para frente e para trás, criando calor e cozinhando o alimento de dentro para fora, de fora para dentro ou uniformemente, dependendo de onde a água se encontra", explica.
Há muitos mitos acerca de quais materiais são permitidos ou proibidos de serem utilizados dentro do forno de micro-ondas. Os mais conhecidos são os objetos metálicos, já que as micro-ondas são refletidas pelos metais, ou seja, muita radiação é emitida de volta ao transmissor gerador da radiação de micro-ondas, causando seu superaquecimento, que pode levar a uma explosão ou fogo.
No entanto, o professor explica que há um mal-entendido em relação ao senso comum de que nenhum metal pode ser usado em um aparelho de micro-ondas. “Recipientes metálicos rasos (como pratos rasos) não impedem que as micro-ondas alcancem a comida pela parte superior. Eles podem, portanto, ser usados para a preparação de comida no aparelho. Já os recipientes mais fundos (como panelas) causam problemas”, destaca. Porém, como frequentemente não está claro o que seria suficientemente raso, recomenda-se não usar nenhum objeto metálico no micro-ondas.
Os campos elétricos em micro-ondas provocam um fluxo de correntes de eletricidade através do metal. Peças grandes, como as paredes de um forno de micro-ondas, geralmente conseguem tolerar essas correntes sem problemas. O perigo está no tamanho. “Peças finas de metal, como uma folha de alumínio, não aguentam essas correntes e aquecem muito rapidamente, podendo pegar fogo. Além disso, se a folha estiver amassada de forma a ter arestas pontiagudas, a corrente elétrica que corre através da folha causará faíscas”, explica o professor Baltus. É importante ter atenção, também, com porcelanas antigas, que geralmente contém tinta metálica, e pratos com bordas decorativas de metal.
Sim. Segundo o professor da FEI, as uvas e ovos podem explodir se não estiverem furados. Uvas contêm em torno de 80% de água, claras de ovo 90% e gemas 50%. Com o cozimento a água presente vira vapor d´água, que aumenta a pressão dentro do alimento. Se não tiver um furo para aliviar essa pressão, o alimento explodirá. Além disso, é preciso ter cuidado com as pimentas secas, que podem pegar fogo e liberar gases nocivos.
Há muita desinformação a respeito disso. Em primeiro lugar, alegava-se que o plástico no micro-ondas liberava substâncias químicas cancerígenas, chamadas dioxinas, nos alimentos. Na verdade, os plásticos não contêm dioxinas. Essas substâncias são liberadas quando lixo, plástico, metais, madeira e outros materiais são queimados. Assim, a não ser que você queime seus alimentos em um micro-ondas, você não está se expondo a dioxinas.
Em segundo lugar, não existe um material único específico chamado plástico. Existem vários tipos de plástico. Frequentemente, adicionam-se substâncias aos plásticos para modificar suas propriedades ou para moldá-los mais facilmente. Essas substâncias chamadas plastificantes podem eventualmente migrar do recipiente, quando aquecido, para o alimento.
O bisfenol-A é basicamente encontrado em um tipo de plástico, chamado policarbonato, que era usado para fazer mamadeiras e garrafas de água retornáveis. Segundo o professor, dificilmente essa substância será encontrada em outros plásticos usados no dia a dia, já que eles não precisam de bisfenol-A para a sua produção. Por isso, a maioria dos plásticos já eram bisfenol free, e trata-se mais de uma questão de marketing. Ainda assim, embalagens bisfenol free também podem liberar plastificantes para o alimento. Recomenda-se sempre checar na embalagem se consta que o material é seguro para uso em fornos micro-ondas.
“Os mais seguros são recipientes de vidro ou cerâmica rotulados para uso em fornos de micro-ondas”, explica o professor Baltus Bonse. Caso esteja em dúvida quanto à embalagem plástica ou recipientes no micro-ondas, transfira os alimentos para recipientes de vidro.